Protestos contra o governo Lula e críticas à CUT governista deram o tom dos atosEsse ano, o 1º de Maio foi marcado por dois tipos de atos que expressam uma divisão do movimento sindical brasileiro. De um lado, estão a CUT e a Força Sindical, com seus atos festivos e governistas. Do outro lado, sindicatos combativos e movimentos sociais realizaram atos alternativos e de luta, com críticas contundentes ao governo Lula.

O ato da CUT, em São Paulo, foi uma mega-festa bancada por grandes empresários. Contou ainda com uma concentração vip para os convidados da CUT na Casa Fasano, tradicional restaurante da burguesia de São Paulo. O ministro da Casa Civil, José Dirceu, esteve presente representando o governo federal, além da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy.

Nos discursos, o governismo reinou. O presidente da CUT, Luis Marinho, afirmou: “Sabemos das dificuldades herdadas do governo de FHC, mas os trabalhadores estão com você, Lula. É possível construir o caminho do crescimento. Conduza o país para além das mudanças que já foram feitas e receba nosso apoio”.

Uma lição
Fica uma lição do 1º de Maio. A CUT fez uma opção: ser o braço do governo no movimento sindical. Com a reforma Sindical, pretende ocupar um espaço privilegiado para negociar a retirada dos direitos trabalhistas e interferir na livre organização dos trabalhadores. Aos setores combativos, cabe fazer o que foi feito nesse dia: organizar os trabalhadores e construir uma nova direção para o movimento sindical: de luta, democrático e socialista.

  • ATOS ALTERNATIVOS E DE LUTA NOS ESTADOS

    O 1º de Maio alternativo e de luta foi uma vitória. Organizado em praticamente todos os estados, atos e passeatas protestaram contra a política econômica de Lula, o novo salário mínimo de R$ 260 e repudiaram os atos governistas da CUT. Os protestos não aconteceram apenas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, devido a um forte temporal que caiu nas capitais desses estados.

  • São Paulo (SP)
    Mais de três mil trabalhadores (foto) participaram do ato na Praça da Sé. Marcaram presença o MST, o movimento dos sem teto, entre outros. Na avaliação de Paulo César Pedrini, da Pastoral Operária, uma das organizadoras, “Foi importante o processo de construção do 1º de Maio, pelas forças ali representadas, que acabam mostrando aqueles que resistem à hegemonia neoliberal implantada pelos governos anteriores e que hoje tem continuidade no atual governo”.

  • Macapá (AP)
    Uma passeata percorreu as ruas do centro da cidade e várias categorias, como policiais civis e servidores municipais, afirmavam que vão à greve nos próximos dias contra o arrocho salarial.

  • Natal (RN)
    A Coordenação Estadual de Lutas (Celutas) promoveu um protesto em frente à rodoviária da cidade denunciando as reformas Sindical, Trabalhista e Universitária do governo Lula.

  • Contagem (MG)
    Um ato e uma celebração religiosa reuniram aproximadamente 2.500 pessoas. Entre os trabalhadores presentes, a tônica era a crítica ao novo valor do salário mínimo. O dirigente metalúrgico do PSTU, Israel Pinheiro, destacou o caráter internacional do 1° de Maio, a luta dos palestinos e a resistência iraquiana contra a invasão comandada pelos EUA. Israel fez uma dura crítica ao governo Lula e chamou o apoio às lutas. A Conlutas participou com uma grande faixa contra a reforma Sindical e Trabalhista.

    Post author André Valuche, da redação
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