Na mesma semana em que a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e o vice-presidente José Alencar deram lamentáveis declarações sobre o racismo no Brasil, um episódio ainda mais deplorável demonstrou a real dimensão do problema: estudantes africanos da Universidade de Brasília foram vítimas de um atentado racista na madrugada do dia 28 de março. Três apartamentos da Casa do Estudante Universitário (CEU), habitados por dez estudantes africanos, foram lacrados com tijolos e incendiados. Numa demonstração evidente da intenção homicida dos criminosos, os extintores de incêndio próximos aos apartamentos foram esvaziados.

Ninguém saiu ferido, mas a ação deixou todos perplexos, apesar de não terem surpreendido os estudantes africanos, que afirmam os casos de racismo e xenofobia não são novos nem raros: as janelas de seus apartamentos já foram quebradas, as portas dos quartos foram pichadas com cruzes e escritos racistas e muros do CEU foram pichados com frases como “Morte aos estrangeiros”.

A notícia correu pelo campus e a indignação tomou conta do movimento estudantil. A mobilização começou na hora do almoço, com pouco mais de 15 pessoas. Logo, o grupo foi crescendo. Por todo lado se ouvia: “Não podemos deixar isto passar em branco”. Quando mais de 300 já haviam se reunido, uma passeata foi organizada.
O “arrastão” prosseguiu por salas de aula e aglutinado mais estudantes. Quando chegou à reitoria, a manifestação já contava com cerca de duas mil pessoas, o que obrigou o reitor a receber os manifestantes.

O DCE da UnB, “dirigido” pelo PT e pelo PCdoB manteve uma postura lamentável. Além de não mobilizarem, ainda não queriam que fosse chamada uma assembléia para organizar a luta contra o crime racista. Mesmo assim uma assembléia foi convocada para o dia 4 de abril.

Post author Guilherme Aranha, de brasilia (DF) e Wilson H. Silva, da Secretaria Nacional de Negros e Negras
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