Novo evento em solidariedade aos 13 participantes do protesto contra a visita ao Brasil do Presidente dos EUA sofre intimidação da políciaO ato em defesa dos presos políticos do Rio reuniu centenas de pessoas no último dia 19, na sede nacional da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). O encontro foi organizado em solidariedade aos 13 participantes do protesto contra a visita ao Brasil do Presidente dos EUA, Barack Obama, diante do Consulado Americano, no Centro do Rio, em 18 de março último, quando foram detidos e encaminhados aos presídios de Água Santa e Bangu 8, permanecendo três dias incomunicáveis.

Continuando a unidade que se deu em torno do tema, diversas organizações, entidades e personalidades compareceram. Além de exigir o arquivamento dos processos contra os ativistas, o ato foi um momento de repúdio e de exigência também ao fim da criminalização dos movimentos sociais. O evento teve, ainda, a presença “ilustre” da polícia, que constrangeu os presentes.

Os participantes do ato também se solidarizaram com outros movimentos que lutam por seus direitos, como o dos moradores do Morro do Bumba atingidos pela tragédia das chuvas. Em especial, se falou sobre a greve de bombeiros no estado. Representantes desses trabalhadores estavam presentes e informaram sobre a prisão de grevistas no quartel de bombeiros do Humaitá.

Também foram ao ato estudantes da Universidade Federal Fluminense (UFF) que estão filmando um curta-metragem sobre os presos compareceram e acompanharam o ato. A história dessas prisões políticas será contada no filme ‘Os 13 de março’.

Nos tempos da ditadura
Porém, infelizmente, o fato que mais chamou a atenção não foi a solidariedade e a luta pelo direito à livre manifestação. Ao chegarem para o ato, os participantes foram surpreendidos com a presença da Polícia Militar que invadiu o hall do edifício Herbert Moses, onde fica a sede da ABI.

Segundo a nota publicada no site da associação, a polícia enviou quatro viaturas ao local. A operação foi realizada pelo 13º batalhão da PM. O presidente da ABI, Marcelo Azêdo, disse que só havia acontecido algo semelhante durante a ditadura militar.

Azêdo exigiu do comendo da operação a saída imediata da polícia, mas não foi atendido. A PM só saiu após o presidente ter exigido a saída ao governador Sérgio Cabral. A polícia, no entanto, saiu do edifício da ABI para cercar o consulado norte-americano. Só então o ato pode começar, com mais de uma hora de atraso. Mesmo assim, uma viatura foi mantida no local.

Para aqueles que viveram os tempos da ditadura, a cena foi chocante, como contou José Eduardo Braunschweiger, advogado e um dos presos políticos. Ele acredita que existe uma “intimidação permanente e sistemática do governo aos movimentos sociais”.
O constrangimento não foi apenas uma ofensa ao ato, mas à própria ABI, uma instituição nacional respeitada pela sua histórica luta por liberdade. “Isso é apenas um trailer do que o governo ainda vai fazer até e durante a Copa e as Olimpíadas”, conclui José Eduardo.
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