Militantes do PSTU no ato do Rio
Eduardo Henrique

Ato contra corrupção, política econômica e reformas neoliberais lota galerias da ABI e impulsiona marcha do dia 17O amplo auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Centro do Rio de Janeiro, ficou pequeno para os mais de mil ativistas que se acotovelavam no ato realizado na noite do dia 28 de julho. O ato pluripartidário foi convocado por partidos de diferentes matizes, como PDT, PSTU, P-SOL, PCB, PPS e PV e entidades como ABI, Clube de Engenharia, Conlutas, Modecon, AEPET, Sintrasef, Sindsprev, Nova Central Sindical e Fórum Sindical dos Trabalhadores.

Além destas entidades, o protesto reuniu dezenas de sindicatos, associações e a maioria dos DCEs, como os da UFRJ e Estácio de Sá, e diversos parlamentares. O ato foi bastante animado, com palavras de ordem como “Neste Congresso do Mensalão, a CPI não vai prender nenhum ladrão”. Ao final, foi aprovada a “Carta do Rio de Janeiro”.

Saídas diferentes
Vários oradores denunciaram o pacto que começa a se gestar entre Legislativo, Judiciário e Executivo para que tudo termine em pizza e destacaram que seria impossível um esquema como esse sem o conhecimento de Lula. Era possível ver faixas e algumas intervenções propondo o “Fora Lula”, outras chamando a construção de um governo dos trabalhadores através da mobilização, outras defendendo a saída de Lula para preservar as instituições. Dentro de perspectivas estratégicas diferentes, o objetivo comum era unir esforços para mobilizar contra a corrupção e a política econômica.

O PSTU participou desta atividade de unidade de ação contra o governo, deixando claro sua política e se diferenciando dos partidos burgueses oposicionistas (como o PDT), dos reformistas e dos velhos pelegos. Foi ressaltado também que ali não se tratava de aliança eleitoral e que os agrupamentos presentes certamente seguiriam caminhos diferentes em diversas outras situações, mas neste momento é importante a unidade para lutar. “Não queremos que se consolide a idéia de que só há duas saídas, Lula ou PSDB. A saída é implantar um novo tipo de governo, onde a classe trabalhadora governe. E não se faz isso sem luta. Queremos convocar a todas as organizações ao ato do dia 17 em Brasília”, afirmou Zé Maria, presidente nacional do PSTU. Zé Maria anunciou ainda que o PSTU vai entrar com um pedido formal, em Brasília, para que Lula também seja investigado.

Construindo o dia 17
Em suas intervenções, os companheiros Zé Maria e Cyro Garcia, do PSTU, conclamaram os partidos, sindicatos e ativistas ali presentes para que engrossassem as manifestações de rua e principalmente a Marcha em Brasília de 17 de agosto, atividade com a qual se comprometeram a maioria dos oradores. Uma das palavras de ordem mais cantadas foi “Contra o governo neoliberal, dia 17, ocupar a Capital”.

Martiniano Cavalcanti, da direção do P-SOL, propôs que o dia 17 seja o início de um grande movimento, “superior à luta contra a corrupção”. Ele também criticou setores dos movimentos sociais que ainda não estão engajados na marcha ou prosseguem defendendo o governo. “O MST deve deixar sua política dúbia… A esquerda do PT, socialistas consequentes, não devem continuar titubeando. No dia 17, queremos um ato de aliança com o MST e a esquerda do PT”, afirmou.

O Partido Comunista Brasileiro (PCB), que em seu XIII Congresso rompeu com o governo Lula, também estará chamando a ida a Brasília no dia 17. Ivan Pinheiro, da direção do PCB, criticou as centrais governistas e a posse de Luis Marinho. “A CUT transformou-se em um departamento do Ministério do Trabalho”.

Diplomacia, pero no mucho
Não se pode estranhar que com tal leque de ideologias presentes tenha havido desentendimentos e que as diferenças tenham se manifestado em algumas vaias. Quando o presidente da ABI anunciou a presença de um herdeiro da família real brasileira, as vaias cresceram no auditório. Outro que foi bastante vaiado foi Paulinho, da Força Sindical, chamado, em coro, de “pelego!”.

Os militantes do PSTU, apesar de respeitar a maioria das falas e o caráter unitário do ato, também vaiaram, principalmente Roberto Freire, do PPS, quando este afirmou que não era fechando ruas e queimando pneus que se poderia conseguir alguma coisa. No mesmo dia do ato, trabalhadores do INSS em greve tinham realizado um ato radicalizado na Avenida Rio Branco, onde atearam fogo em pneus e fecharam a rua.

Um episódio pitoresco ocorreu durante a fala do deputado Babá (P-SOL), que citou o PDT entre os partidos corruptos a serem combatidos. A fala causou desconforto e militantes brizolistas chegaram a invadir o palco. Nem o deputado havia percebido a gafe, mas esclareceu, afirmando que teria dito PTB ao invés de PDT.