Cerca de 300 pessoas estiveram no Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região no dia 20 para o Ato Nacional contra a Redução de Direitos e Salários. A atividade teve como objetivo expandir a campanha contra o banco de horas proposto pela General Motors para a planta na cidade. Além disso, a campanha vai exigir a redução da jornada de trabalho sem a redução de salário, a fim de garantir empregos para os trabalhadores.

Coordenando a mesa estavam o presidente do sindicato, Adilson dos Santos, o Índio, e Ana Paula Rosa, da Intersindical. Vivaldo Moreira, diretor do sindicato e trabalhador da GM, explicou a proposta da empresa e relatou a ação dos trabalhadores desde que a montadora apresentou o banco de horas e a redução de salários.

A Conlutas, entidade à qual o sindicato é filiado, esteve representada por José Maria de Almeida, o Zé Maria. Em sua fala, ele ressaltou a importância de transformar essa campanha numa “luta nacional e internacional de todas as trabalhadoras e todos os trabalhadores”.

Também explicou que os ataques da GM se dão em outras unidades da fábrica, no Brasil e em outros países. “É preciso globalizar essa luta de São José dos Campos contra o projeto da GM no mundo”, afirmou. Zé Maria contextualizou os ataques da GM na atual conjuntura de ataques gerais aos trabalhadores, como os ataques aos direitos trabalhistas e à Previdência.

Ele alertou ainda que os empregos só foram levados para a unidade de São Caetano do Sul (SP) porque o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC aceitou o banco de horas e a redução de salários sem consultar os trabalhadores (veja abaixo).

Mané Melatto, representante da Intersindical, rebateu o argumento da GM e da burguesia local de que produzir em São José dos Campos trazia mais custos. A empresa se utiliza disso para ameaçar com a retirada da fábrica da cidade, o que provocaria milhares de demissões e uma quebra na economia local.

Ele também saudou o sentimento de unidade entre as várias categorias e entidades que estavam presentes. “Nós vamos estar juntos com todos os que estejam dispostos a lutar e não aceitem nenhum tipo de redução”, assegurou.

Metalúrgicos não cedem
Antes do ato nacional, aconteceu um protesto na portaria da GM. Cerca de 60 pessoas – diretores do sindicato, trabalhadores e ativistas de várias categorias – permaneceram em frente à principal entrada da fábrica durante a troca de turno, entregando um jornal unificado em defesa dos direitos e salários e falando aos trabalhadores. Os operários pararam em massa e ficaram atentos às falas.

Solidariedade de classe
Das entidades presentes à manifestação surgiram inúmeros exemplos de ataques que se assemelham ao que os trabalhadores da GM estão sofrendo. Joaquim Aristeu, do Sindicato dos Trabalhadores na Alimentação, informou que na véspera mais de 30 operários da Ambev de Jacareí (SP) haviam sido demitidos e a empresa exigia a implantação do banco horas, ameaçando com mais demissões.

Sindicatos dos Vidreiros, dos Químicos, da Previdência, dos Metalúrgicos de Campinas e de Limeira, de Condutores, entre outros, também falaram em apoio aos operários da GM. Da mesma forma, representantes da ocupação Pinheirinho e da Central de Movimentos Populares colocaram seus problemas como parte de uma mesma luta contra os ataques dos ricos.

Por isso, os metalúrgicos da GM vão buscar uma ampla solidariedade de classe. A campanha se iniciará na região com a busca de apoio nas fábricas metalúrgicos. Em mais de 30 empresas os trabalhadores já aprovaram em assembléia a solidariedade à luta na GM.

Panfletagens já foram realizadas em outras unidades da GM – São Caetano do Sul e Gravataí (RS). Estão sendo programadas ainda panfletagens com os metalúrgicos de Taubaté (SP), São Paulo e ABC. O sindicato de São José dos Campos vai divulgar uma carta à população da cidade e da região do Vale do Paraíba explicando o que é o banco de horas e como é realmente a proposta dos patrões, e uma cartilha sobre reestruturação produtiva e o aumento nos lucros dos patrões.

Solidariedade Internacional
O ato foi a largada para uma campanha nacional e internacional que poderá ultrapassar as fronteiras do Brasil e incomodar bastante a GM. O sindicato e a Conlutas já estão contatando os trabalhadores de Rosário, na Argentina, e organizam a ida de uma delegação para lá. Foram realizados contatos com a GM da Venezuela e uma viagem para o país já está agendada para abril. Também houve comunicação com os trabalhadores da empresa nos EUA, onde ela pretende demitir os cerca de 70 mil sindicalizados, contratando novos trabalhadores com a metade dos salários.

GM transfere empregos precários para São Caetano do Sul

A General Motors e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul (SP) anunciaram no dia 20 a abertura de 600 novos empregos para a montadora da empresa na cidade. O projeto inclui a produção de 50 mil novos veículos, que estava inicialmente prevista para São José dos Campos (SP).

Com a demonstração de que o sindicato é parceiro dos patrões na redução de direitos, a GM decidiu implantar o projeto em São Caetano. A multinacional também anunciou que dentro de três meses vai apresentar uma nova proposta a São José dos Campos, com rebaixamento de direitos e salários. A GM já articula uma campanha entre os setores da elite da cidade a fim de acabar com a resistência dos metalúrgicos.

Em São José, a patronal, a Câmara, a prefeitura e a Igreja afirmam que faltou democracia, apesar de terem ocorrido três assembléias na GM. Exigem votação secreta e plebiscito entre a população. Mas é incrível que ninguém denuncie o acordo assinado entre o sindicato e a GM em São Caetano, que não foi submetido a nenhuma aprovação dos trabalhadores. Não houve assembléia e o sindicato aceitou a proposta em troca de meio prato de comida.

Emprego sim! Com redução de jornada, sem redução de salário

A General Motors e os representantes dos patrões de São José dos Campos dizem que os operários são “egoístas”, pois não querem reduzir um pouco seus direitos para dar emprego a quem não tem.

Os trabalhadores têm sim propostas para combater o desemprego: diminuir um pouco os lucros das empresas para aumentar o nível de emprego. Isso pode ser feito se todos que trabalharem tiverem redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários.
Temos consciência de que essa é uma proposta que não vai solucionar o problema estrutural do desemprego no capitalismo, uma das chagas desse sistema. Para isso, é preciso ir além. É necessário que os trabalhadores lutem pelo socialismo.

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