Em coletiva, grupo anuncia o ato e o lançamento oficial do GT
(Foto: Luciana Candido)

Greve moveu 3 milhões de pessoas em plena ditadura e foi fundamental para a derrubada do regime militar


O Coletivo Sindical de Apoio ao Grupo de Trabalho Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical, da Comissão Nacional da Verdade, concedeu nesta manhã, coletiva de imprensa sobre o andamento dos trabalhos do GT. A principal pauta foi o anúncio do ato que acontecerá no dia 22 de julho para lembrar os 30 anos da greve geral de 1983.
 
Rosa Cardoso, da Comissão Nacional da Verdade, abriu a coletiva informando que o grupo está em fase de levantamento de dados para a produção de um relatório. O objetivo é construir um documento acessível à toda sociedade brasileira que conte a história da perseguição à classe trabalhadora durante a ditadura militar. Ela também opinou que é necessária uma mobilização da própria classe e das centrais e entidades sindicais enquanto este estudo esteja em curso.
 
Luís Carlos Prates, o Mancha, representando a CSP-Conlutas, falou sobre a relação de cooperação entre empresas e ditadura. Ele informou que existe uma vasta documentação que comprova que havia um esquema de colaboração. Com a abertura dos arquivos, foram encontradas extensas listas de nomes com informações sobre as atividades políticas dos trabalhadores, que eram demitidos, presos e não podiam mais ser contratados por estas empresas. Estas listas circulavam entre as próprias empresas – privadas e estatais – e entre as empresas e os aparatos de repressão do Estado.
 
“O regime militar não só esteve a serviço dos militares, a serviço dos políticos, mas também a serviço das empresas e a serviço do capital, porque sufocar a classe trabalhadora, impor e continuar com o arrocho salarial, era a tarefa fundamental deles”, disse Mancha. “Isso é uma demonstração de que a classe operária teve um papel fundamental na resistência ao golpe militar”, completou.
 
Mancha também falou que os trabalhos do GT também têm como objetivo prevenir com relação ao futuro “para acabar com essa vigilância sobre o movimento dos trabalhadores que até hoje persiste, como, por exemplo, pela Abin, que ainda consegue fazer infiltração”.
 
Ato vai lembrar greve histórica
O ato do dia 22 de julho acontece um dia depois de se completarem os 30 anos da greve geral de 1983. A greve levou 3 milhões de trabalhadores às ruas e foi decisiva para derrubar a ditadura.
 
O ato vai apresentar publicamente o Grupo de Trabalho Ditadura e Repressão aos Trabalhadores, Trabalhadoras e ao Movimento Sindical, da Comissão Nacional da Verdade e será aberto a todos os interessados. Serão explicados os objetivos do grupo, que são investigar e explicitar a repressão política à classe trabalhadora durante a ditadura, no período de 1964 a 1985.
 
Segundo material de divulgação as centrais sindicais se baseiam no “levantamento dos sindicatos que sofreram invasão e intervenção no golpe e após o golpe; na investigação de quantos e quais dirigentes sindicais foram cassados pela ditadura militar; em quais e quantos dirigentes sindicais sofreram prisão imediata ao golpe; no levantamento da destruição do patrimônio documental e físico das entidades sindicais; na investigação sobre prisões, tortura e assassinatos de dirigentes e militantes sindicais urbanos e rurais; na vinculação das empresas com a repressão; na relação do serviço de segurança das empresas estatais e privadas com a repressão e atuação das forças armadas; na legislação antissocial e antitrabalhadores (lei de greve, lei do arrocho salarial, lei do fim da estabilidade no emprego, entre outras); no levantamento da repressão às greves; no tratamento dado à mulher trabalhadora durante a repressão; no levantamento dos prejuízos causados aos trabalhadores e suas entidades pelo regime militar para reparação moral, política e material”.
 
O ato acontece às 9h30 e será na cidade de São Paulo, no Sindicato Nacional dos Aposentados, que fica na Rua do Carmo, 171, 2º andar, Sé. O GT é formado por dez centrais sindicais, entre elas a CSP-Conlutas. Também participam CUT, Força sindical, Intersindical, CTB, UGT, Nova Central, CGTB e CSB.

Assista à fala completa de Luís Carlos Prates: