Protesto reuniu cerca de 200 pessoas, entre sindicalistas e moradores da ocupação PinheirinhoDepois da morte da freira Dorothy Stang e de três dirigentes sem-terra, no Pará, e de dois sem-teto, em Goiânia, os sindicatos e o movimento popular de São José dos Campos (SP) realizaram no dia 19 de fevereiro, um grande ato de repúdio à onda de violência contra os movimentos sociais. Faixas e cartazes traziam o sentimento dos manifestantes: Em 5 dias, 6 ativistas do movimento social foram assassinados no Brasil. Foram mortos por lutarem pela sobrevivência dos excluídos do governo Lula. Exigimos a investigação e punição dos mandantes e assassinos. Durante a manifestação também foi entregue um manifesto à população onde se denunciava o “banho de sangue” contra os lutadores de nosso país.

O ato reuniu cerca de 200 pessoas, entre sindicalistas, trabalhadores sem-terra, sem-teto, estudantes, desempregados e militantes de partidos como o PSTU e o P-SOL. Do alto dos prédios, a população exibia faixas de apoio aos manifestantes. “Essa manifestação é muito válida. Somos contra essa onda de violência e o mais importante é conscientização da população. O povo tem o direito de saber o que acontece” afirmou Marcelo Priante, que colocou uma das faixas.

Para Joaquim Aristeu, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação e coordenador da Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas) na região, “essa situação vem desde FHC, nos massacres de Eldorado dos Carajás e Corumbiara ninguém foi punido”. Ele falou que Lula foi eleito pela esperança que o povo tinha, mas depois de 770 dias de governo, “vemos que é pior que FHC”. E completou: “Podemos viver um massacre desse em qualquer lugar, aqui em São José inclusive, no Pinheirinho”. Marrom, dirigente da ocupação do Pinheirinho, afirmou que “todas essas ocupações são em decorrência da miséria do povo”.

O ato contou com a presença massiva de moradores da ocupação do Pinheirinho. Principalmente porque ela é parecida com a que foi violentamente reprimida pela polícia nesta semana em Goiânia. “Estamos politizados e vamos lutar, vamos sair com a nossa casa e com a vitória. O povo do Pinheirinho não tem medo de cara feia, de vereador, prefeito ou da polícia” disse Miguel, um dos dirigentes da ocupação.

Não faltaram denúncias à postura traidora da CUT do PT e ao governo Lula. Segundo Luís Carlos Prates, o Mancha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e um dos coordenadores da Conlutas, “o governo é covarde, diante das ações dos latifundiários e grandes madeireiros fica calado, mas quando é para agir contra o trabalhador e o povo pobre usa de todo seu aparato e violência” e garantiu “se vierem nos tirar, iremos resistir, porque esse é o caminho ”. A importância em se construir uma outra ferramenta para a luta do povo também foi ressaltada. Um dos coordenadores da Conlutas e diretor do sindicato dos metalúrgicos, Donizete, disse que a Conlutas “é uma necessidade para ontem”.
Além das críticas ao governo Lula, o presidente regional do PSTU, Antonio Donizete Ferreira, o Toninho, lembrou o papel da prefeitura e dos vereadores em relação ao problema de moradia em São José dos Campos. “Estamos cobrando do prefeito uma posição, se está do lado dos pobres ou dos grandes especuladores. Se houver algum morto aqui, iremos velá-lo na Câmara municipal, pois lá estarão os principais responsáveis”, afirmou.

Ernesto Gradella, em nome do PSTU, homenageou os mortos: “vamos dizer às elites desse país que continuaremos com as mesmas bandeiras dos companheiros que foram mortos”.

Mais duas atividades semelhantes estão marcadas. A primeira será entre quarta e sexta-feira desta semana, em frente à Câmara Municipal. E a outra será no sábado, dia 26 de fevereiro, na comemoração de um ano da ocupação do Pinheirinho.