Cerca de 5 mil pessoas participaram, no dia 16 de agosto, da manifestação organizada pelo MST e pela CUT em São Gabriel, RS. O objetivo era protestar pela reforma agrária, recebendo os sem-terra que estavam em marcha desde 10 de junho em direção à região, onde ocorreria um dos maiores assentamentos do estado. Na sexta-feira anterior à chegada da marcha, o STF suspendeu a desapropriação dos mais de 13 mil hectares – dimensão superior a de mais de 133 municípios gaúchos – pertencentes à família Southall. Calcula-se que a fazenda acumula uma dívida de R$37 milhões com o INSS, o Banco do Brasil e a Fazenda Nacional.

O clima de tensão na região é grande: os ruralistas estão organizados no movimento Alerta Rio Grande, liderado pelo prefeito de São Gabriel, Rossano Gonçalves (PDT) e de caráter explicitamente fascista. Armados até os dentes e dispostos a massacrar os sem-terra para defender seu latifúndio improdutivo, conseguiram que a justiça concedesse liminar proibindo qualquer manifestação na cidade.

Em função disto, o MST e a CUT optou por fazer o ato na propriedade rural “emprestada” onde os integrantes da marcha ficarão acampados, confiando na justiça e na polícia para evitar confrontos. Mesmo assim, um forte aparato repressivo foi destacado para acompanhar a manifestação. Afastado tanto do centro da cidade quanto da fazenda Southall e longe dos olhos da população, o ato não teve a repercussão pretendida e não evitou que houvesse ataques posteriores aos manifestantes.

O PSTU esteve presente com força, denunciando, em suas palavras-de-ordem, o caráter reacionário do ministério de banqueiros e latifundiários do governo Lula e afirmando que reforma agrária só sai com ocupação, pois a justiça já adotou os latifundiários e o governo não dá nenhum sinal de solução.

`fotoDurante o retorno a Porto Alegre, o ônibus em que se encontravam militantes da juventude do PSTU e independentes foi atacado com tiros, pedras e rojões ao passar pelo acampamento dos ruralistas do Alerta Rio Grande. Dois vidros foram quebrados e um estudante da Universidade Federal do Rio Grande do Sul ficou ferido. O PSTU repudia tal ação e exige apuração do fato e punição dos responsáveis. Esse ataque só demonstra que não há como ter o mínimo de confiança nas decisões judiciais e que de nada serviu “esconder” o ato para evitar confronto.