No dia 20 de fevereiro, aconteceu no Parque Central, em Caracas, Venezuela, um ato operário e internacionalista pela reintegração do companheiro Orlando Chirino, que foi demitido da PDVSA, empresa petroleira do Estado, por sua atividade política em defesa dos trabalhadores, contra a burocracia estatal e os planos antioperários do governo Chavéz.

Estiveram presentes, atendendo ao chamado da Corriente Clasista Unitaria Revolucionaria y Autônoma (C-CURA), cerca de 350 pessoas. A maioria eram operários da PDVSA, das montadoras de automóveis, como a Crysler, indústrias têxteis e dos Sanitários Maracay.

Muitos companheiros viajaram até seis horas de ônibus, como os petroleiros de Puerto La Cruz. Apesar do cansaço, a animação e a disposição de luta marcavam o rosto de uma platéia atenta às intervenções e ávida pelos panfletos e jornais das organizações presentes.

Além de uma marcante composição operária, o ato foi saudado por mensagens se solidariedade internacional. Foram recebidas saudações da Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT-QI), da Coordenação Nacional de Lutas do Brasil (Conlutas), da direção do Partido Socialismo e Liberdade do Brasil, da Izquierda Socialista e do MST da Argentina, do Partido de los Trabajadores Panamenhos e do Sindicato dos Empregados Privados da Áustria.

Participaram do ato representações das mais distintas correntes políticas de esquerda, como a Unidad Socialista de los Trabajadores (UST), seção venezuelana da LIT-QI; Marea Socialista; Juventude de Izquierda Revolucionaria; e El Topo Obrero. Estiveram também presentes o estudioso da questão petroleira Pablo Hernandez, que percorreu o país durante os dias do “paro-sabotaje” de 2002 com a palestra PDVSA por Dentro; o ex-vice-ministro e dirigente do projeto Nuestra América vinculado ao movimento popular de Caracas, Roland Denis; e o deputado Luís Tascon recentemente expulso do PSUV.

A mesa foi composta por destacados lutadores da classe trabalhadora venezuelana. Além de Orlando Chirino, encontravam-se à mesa José Bodas, da PDVSA da Puerto La Cruz; Ivan Freites, da PDVSA de Falcón; José Villegas, dos Sanitários Maracay, para citar apenas três exemplos. Também compôs a mesa o companheiro César Neto, que falou pela Conlutas do Brasil em nome da construção do Encontro Sindical Latino-Americano.

Encontro deve construir plano de lutas
O ato foi mais que um evento em solidariedade ao companheiro Orlando Chirino. Foi um ato classista, crítico e independente do governo. A maioria das intervenções, a começar pela primeira de José Bodas, um dos principais oradores do ato, teve um conteúdo nitidamente classista e oposicionista. Bodas afirmou que era necessário lutar não só pela reintegração do companheiro Chirino e de todos os demitidos por defenderem os interesses dos trabalhadores, mas para expulsar todas as transnacionais petroleiras da Venezuela, por uma PDVSA 100% nacional e controlada pelos operários. Disse ainda que “há uma política do governo e do Estado contra os trabalhadores, por isso não devemos confiar nos patrões sejam eles ‘vermelhos, vermelhinhos´ ou da direita golpista, sejam eles privados ou públicos”.

Em sua fala, Orlando Chirino afirmou que “estamos diante da aplicação por parte do governo do nosso país de um pacote econômico de ajuste por partes, todos os domingos o presidente anuncia o aumento de preço de algum produto, assim como medidas para flexibilizar as importações em favor dos patrões”. Chirino concluiu sua fala convocando a todos os participantes para a construção de um Encontro Nacional Operário, Camponês, Popular e Estudantil “para discutir um plano de lutas e a mobilização”.

O ato indicou a realização do encontro nos dias 13 e 14 de abril. O encontro nacional será precedido por encontros regionais e por categorias. A primeira atividade deste calendário preparatório foi a organização de uma manifestação independente pelos 19 anos do Caracazo, no dia 27 de fevereiro.

LEIA TAMBÉM: