A Frente Unitária Contra a Reforma Sindical realizou na tarde desta quinta-feira, em um dos auditórios do Congresso Nacional, em Brasília, um ato contra Emenda Constitucional (PEC) 369. O governo federal precisa aprovar essa Emenda para poder colocar em tramitação o Projeto de Lei da reforma Sindical.

O protesto contou com a participação de 200 pessoas, entre elas vários representantes dos setores reunidos na Frente Sindical, como a Corrente Sindical Classista (CSC), a esquerda da CUT, a GGT, a CGTB, o Fórum Sindical dos Trabalhadores e a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas).

Os sindicalistas avaliam que o ato serviu para selar a ampla unidade que se formou na luta contra a reforma Sindical, expressada pela própria construção da Frente Sindical, e reafirmou a necessidade de organizar uma grande mancha à Brasília no segundo semestre de 2005, além dos protestos classistas que serão feitos no 1º de Maio.

Divisão entre os de cima
A base ‘aliada’ está dividida também em relação à reforma Sindical. Durante o protesto dos sindicalistas, parlamentares do PMDB anunciaram que votarão contra a PEC 369. Até mesmo Roberto Jeferson, presidente nacional do PTB e ex-integrante da tropa de choque de Collor, também disse aos sindicalistas que não concorda com a Emenda Constitucional.

A posição destes parlamentares, contrários à aprovação da PEC 369, deve ser entendida num quadro mais geral de crise política que o governo Lula enfrenta atualmente no Congresso Nacional. Desde sua derrota nas eleições para a presidência da Câmara, os líderes governistas vêm enfrentado vários problemas para recompor sua base aliada no parlamento. O quadro se agravou depois da falência da reforma ministerial, na qual, os partidos burgueses aliados (PMDB, PTB e PP, de Severino Cavalcanti) se engalfinharam numa despudorada disputa pelos cargos oferecidos no loteamento ministerial de Lula. De lá pra cá, o governo vem acumulando várias derrotas dentro no Congresso, como foram os casos da MP 232 e, mais recentemente, na rejeição do Senado a uma indicação feita pela ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) para a direção da Agência Nacional do Petróleo. A crise pode se aprofundar com o avanço das denúncias de corrupção contra Romero Jucá e Henrique Meirelles. O que poderá atrapalhar os planos de Lula para compor uma aliança com o PMDB em 2006.

A divisão entre os de cima cria um cenário favorável à luta dos trabalhadores contra a agenda neoliberal governista. No entanto, nada está garantido. A partida só está começando. “O que falta para fechar esse quadro de crise que o governo enfrenta é botar o movimento de massas nas ruas. Só assim derrotaremos a reforma Sindical e Trabalhista do governo e garantir a defesa dos direitos históricos dos trabalhadores”, explicou Zé Maria, membro da coordenação da Conlutas, que esteve presente no ato.