Foi o maior ato público em Minas Gerais em muitos anos. Na quinta-feira, dia 10 de setembro, cerca de 2.500 pessoas participaram do protesto “Minas vai às Ruas”, contra a política econômica do governo e pelo Fora Todos os corruptos. A CUT e a UNE tinham realizado um ato em defesa do governo no mesmo lugar com 150 pessoas.
Foi o primeiro dos muitos protestos que a Conlutas realizará nas capitais, após a marcha do dia 17 de agosto. Os próximos serão no Rio de Janeiro, no dia 14, e em São Paulo, no dia 15.

Os manifestantes começaram a concentrar-se a partir das 14h, faixas e cartazes contra a corrupção, contra as reformas neoliberais Sindical, Trabalhista e Universitária, exigindo verbas para a educação e para a saúde. Havia bonecos e máscaras do Lula, Roberto Jefferson e Zé Dirceu, um boneco da CUT dentro de um caixão e enormes “sandálias da honestidade”.

A Praça da Rodoviária, aos poucos, foi ficando tomada. Eram estudantes secundaristas e professores, que vinham em caravanas das escolas, convocados pelo SindUTE de Belo Horizonte. Também haviam muitos universitários, principalmente da UFMG, onde o DCE fez uma ampla divulgação. Diversos ônibus chegavam do interior, trazendo metalúrgicos, trabalhadores rurais, servidores e estudantes. Da vizinha Contagem, uma forte delegação marcou presença, com destaque para os metalúrgicos.
Os sem-terra estiveram presentes. Diante de um governo que mantém a reforma agrária paralisada e do mar de lama que toma conta de Brasília, o MST de Minas assinou a convocatória do protesto e um ônibus trouxe um grupo de sem-terra para o protesto. Do Triângulo Mineiro, vieram integrantes de outro movimento, o MTL (Movimento Terra e Liberdade). Assim como haviam anunciado no encontro da Conlutas, em Brasília, o grupo uniu-se ao ato com uma faixa escrita: “MTL é Conlutas”.

Contra todos os corruptos
Na passeata, os discursos denunciavam a corrupção e a política econômica do governo Lula, mas também a situação dos trabalhadores mineiros e a corrupção no estado. O governador Aécio Neves (PSDB) aplica uma política de arrocho absoluto, e os serviços de saúde e educação estão totalmente sucateados. É a política de cortes sociais para o alardeado “Déficit Zero”, uma repetição do que faz Lula para manter o superávit primário.

No município, Fernando Pimentel mantém uma administração petista com denúncias de corrupção e atrelada aos interesses do empresariado (principalmente empresas de ônibus e lojistas), colocando a polícia contra as lutas, como as de ambulantes, de perueiros e pelo passe-livre. “É intolerável o que o prefeito de BH tem feito. Espancou trabalhadores para favorecer os donos de lojas. Esse é o prefeito do Partido dos Trabalhadores”, disse Robson, do Sindibel.

Não ao acordão
A maioria das intervenções destacou a necessidade de avançar nos protestos contra a corrupção e o governo Lula. Para Zé Maria, presidente nacional do PSTU e um dos coordenadores da Conlutas, “Se não sairmos às ruas, o que vai acontecer é uma grande pizza! É fundamental a luta contra a corrupção, e ela sempre vai existir no capitalismo. Por isso, a luta também é para derrubar as políticas econômicas, a reforma Sindical e Trabalhista”.

Júlia Eberhardt, da Conlute, denunciou a tentativa do governo e da oposição de direita de tentar pôr fim à crise e convocou as pessoas a seguirem lutando. “CPI não vai dar em nada, é ladrão querendo derrubar ladrão. A única coisa que vai mudar o País é o povo nas ruas”.

A necessidade da construção de uma alternativa para a organização dos trabalhadores foi destacada por Gustavo, do Sintape, sindicato que representa os prestadores de serviço de Belo Horizonte. Ele foi muito aplaudido, ao anunciar que seu sindicato estava rompendo com a CUT governista.

Revolta
Outro ponto alto foi quando representantes da Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho de Minas Gerais (AAFIT/MG) se uniram ao protesto. Os auditores haviam realizado um ato contra o Supremo Tribunal Federal, que concedeu habeas corpus ao fazendeiro Norberto Mânico, acusado de ser o mandante do assassinato de três auditores fiscais e um motorista que investigavam o trabalho escravo em Unaí, em janeiro de 2004.

Post author André Valuche e Lívia Furtado, de Belo Horizonte (BH)
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