Atividade reúne 1.200 durante o Congresso da CSP-ConlutasO ato pelos 30 anos da Liga Internacional dos Trabalhadores, na noite de domingo, 28 de abril, empolgou as 1.200 pessoas que conheceram mais sobre a corrente fundada por Nahuel Moreno em 1982, presente hoje em 23 países. Outras 1.500 pessoas acompanharam a transmissão pela internet.

Compuseram a mesa, além de dirigentes do PSTU brasileiro, representantes de seções da LIT e partidos simpatizantes da Argentina, Costa Rica, Chile, Peru, Uruguai, Paraguai, EUA, Inglaterra, Bélgica, Itália, Espanha, além do Haiti.

Eduardo Almeida, do PSTU, analisou os desafios com o governo Dilma. “Vejo muitos companheiros impressionados com a popularidade do governo Dilma. Mas na época da ditadura, em 1976, por exemplo, a ditadura parecia invencível”, afirmou. Ele citou ainda as dificuldades da década de 90 para a esquerda socialista. “Naquela época, pensar em revolução era algo muito incomum”, disse, salientando porém que “hoje, as revoluções no Norte da África e as mobilizações na Europa mostram que a situação é distinta, tudo o que era sólido agora se desmancha no ar” . O dirigente arrancou aplausos ao conclamar que “somos hoje uma minoria, mas o futuro nos pertence”.
Olhando o próprio otimismo, Valério Arcary arrancou risos da platéia. “Sempre me perguntam: ‘por que vocês são tão otimistas? O que vocês tomam no café da manhã?’”. Valério relatou que o conjunto da esquerda vive hoje uma fase “triste, melancólica..”.

Para Arcary, esse otimismo revolucionário, “preocupado”, vem da confiança na força da classe trabalhadora. “Nós confiamos na classe operária, mesmo quando eles não confiam neles mesmos”, disse. “Não esqueçamos a greve dos petroleiros de 1995, quando em poucas semanas a burguesia estava de joelhos!”

A mesma confiança foi demonstrada pelo dirigente ítalo-senegalês, Moustapha Wagne, da Itália. Ele fez uma fala emocionante, destacando sua fé no futuro socialista da humanidade. “É a luta que vai ganhar, o futuro vai vencer, não só no Brasil, mas na Europa, na África, na Ásia, em todo o mundo”, disse, arrancando aplausos.

Opressão e internacionalismo
O combate às opressões e o seu lugar na luta do socialismo foi lembrado na fala de Vera Lúcia, mulher, negra e operária, de Aracaju (SE). Vera desmistificou o papel do governo no combate à opressão: “Dilma, uma mulher que foi perseguida, presa, torturada, não governa para as mulheres trabalhadoras”. A dirigente atacou governos como o de Cuba que, longe de serem socialistas, são ditaduras que oprimem os homossexuais. “Na sociedade que queremos, as mulheres, negras, brancas, homossexuais, heterossexuais, terão as mesmas condições de viverem intensamente suas diferenças.”

Didier Dominique, do Batay Ouvriye, relatou sua impressão com o internacionalismo militante da LIT. “Não me esqueço quando a delegação da CSP-Conlutas esteve no Haiti pela primeira vez, o companheiro Toninho, diante do povo, disse que se fosse necessário queimar uma bandeira brasileira contra a ocupação, não hesitaria em fazer isso. Quando Toninho disse aquilo, soube que a LIT estava conosco”.

Dos combates na Nicarágua às lutas no velho continente
O encerramento ficou por conta de Eduardo Barragán, dirigente histórico e um dos fundadores da LIT-QI. O argentino apontou a revolução sandinista como marco fundamental para a fundação da LIT. Moreno, então dirigente da Fração Bolchevique, chamou a mais ampla unidade de ação contra a ditadura, organizando a brigada internacionalista Simón Bolivar, para lutar ao lado dos sandinistas. “Em nossas sedes, milhares de voluntários apareceram”, relembrou. O compromisso internacionalista foi provado com cinco mortos e inúmeros feridos.

Barragán pontuou que a criação da LIT também veio pela ação dos inimigos. A insistência da brigada em organizar sindicatos independentes fez o novo governo, sandinista, prender seus integrantes, que foram torturados e expulsos. “Houve um profundo problema moral quando os partidos trotsquistas se colocaram ao lado do governo sandinista. Moreno concluiu sua experiência com essas correntes e dois anos depois fundava a LIT”.

Barragán relatou que a crise da esquerda na década de 1990 também atingiu as fileiras da Liga que, porém, nunca abandonou a essência do programa trostquista: a tomada do poder. Ele concluiu reforçando a atualidade do programa e os desafios colocados para a LIT, em um momento em que o mundo assiste os efeitos da crise capitalista, e também as revoluções árabes e o levante na Europa. “Temos dois grandes desafios: fortalecer nosso trabalho na Europa e nossa implantação no Oriente Médio e Norte da África”.

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