Ana Luiza denuncia a política de criminalização da pobreza
Sérgio Koei

Manifestação reuniu cerca de 200 ativistas e diversas entidades do movimento negro no vão livre do MASPDezenas de entidades, entre elas o Quilombo Raça e Classe (filiado à CSP-Conlutas), ANEL, DCE-USP, UNEAFRO, Movimento Negro Unificado e partidos políticos como o PSTU e o PSOL, realizaram uma manifestação nesta quarta-feira, 11 de julho, pelo fim da violência policial contra a população pobre e negra. Cerca de 200 pessoas carregavam velas acesas, no vão livre do MASP (Museu de Arte de São Paulo), em homenagem aos jovens assassinados pela polícia.

A manifestação foi uma resposta ao aumento da violência contra a população negra e pobre no último período na cidade. Com a morte de 6 agentes públicos, a Polícia Militar intensificou a repressão na periferia, atingindo, principalmente, a juventude negra. Segundo dados do Sistema de Informações Criminais (Infocrim) da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, 127 pessoas foram assassinadas em apenas 11 dias. As vítimas, na sua maioria, são jovens negros que morreram em situações com sinais claros de extermínio.

Ana Luiza, candidata do PSTU à prefeitura de São Paulo, esteve presente no protesto e denunciou a política de criminalização da pobreza implementada pela prefeitura de Kassab e o governo Alckmin. “Em São Paulo, uma série de medidas foram aplicadas contra o povo pobre e negro, a exemplo da política higienista na cracolândia e a violenta expulsão de milhares de famílias na ocupação do Pinheirinho em nome da especulação imobiliária”, denunciou a única candidata que esteve no ato.

Ana Luiza ainda destacou que a política de higienização social não tem sido uma marca apenas dos governos do PSDB, mas também do governo do PT. “Com a realização dos grandes eventos no Brasil, como a COPA e as Olimpíadas, o governo Dilma tem sido responsável pela remoção e despejo de milhões de trabalhadores e jovens, também em nome das grandes empreiteiras e da especulação imobiliária”.

Uma guerra contra o povo negro
“Em São Paulo e em todo o Brasil, vivemos um verdadeiro genocídio contra a juventude negra da periferia. Uma guerra que tem causado mais mortes do que a maioria dos conflitos armados que ocorreram no mundo entre 2004 e 2007”, afirma Wilson da Silva, do Quilombo Raça e Classe e da secretaria de negras e negros do PSTU.

Os mais recentes índices de violência demonstram o perfil racial dos assassinatos no país. O número de mortes de jovens negros, entre 15 e 24 anos, é 139% maior do que de brancos. Segundo o Mapa da Violência 2012, entre 2001 e 2010 o número de vítimas brancas, de 15 a 24 anos, caiu 27,5% (de 18.852 para 13.668), enquanto que de vítimas negras aumentou 23,4% (de 26.952 para 33.264).

Nesta guerra contra o povo negro e pobre, a maior parte das mortes é promovida pelo aparato repressor do estado, a polícia. Grande parte dos assassinatos está ligada à ação de grupos de extermínio chefiados por policiais militares. Essa ação é respaldada por uma política do Estado brasileiro de eliminar fisicamente os trabalhadores negros e a juventude pobre que compõem a grande massa de desempregados do país.