Foto: Aline Costa

Jovem nutricionista foi vítima de um esquema mafioso de tráfico de drogas e está presa na Espanha

 
Cerca de cem pessoas lotaram a plenária da Câmara de Vereadores do município de Canoas (RS) nesta quarta-feira, 21, durante o ato público em solidariedade à jovem Bruna Frasson, 26 anos, que está presa injustamente em Barcelona, Espanha, desde o dia 23 de março. Ela é mais uma vítima do esquema mafioso dos cruzeiros marítimos que recrutam pessoas, geralmente mulheres jovens, para trabalharem em condições de semiescravidão, humilhação e maus tratos. Nesses navios, também funciona um forte esquema de tráfico internacional de drogas.
 
Além do ato, várias outras ações estão sendo tomadas. Foram aprovadas moções nas câmaras de Porto Alegre, Canoas e Novo Hamburgo, todas no Rio Grande do Sul. O vereador em Belém Cleber Rabelo (PSTU) protocolou uma moção que não entrou em pauta ainda. Angel Luiz Parras, da organização espanhola Corriente Roja, encaminhou uma carta ao Itamaraty.
 
No ato, o pai de Bruna, Alexandre Frasson, fez uma declaração: “Depois de tanto dias de pesadelo, a única explicação que encontrei para justificar o comportamento da Justiça espanhola, em manter esta absurda e escandalosa prisão preventiva, foi dada por uma pesquisadora do instituto de criminalística de uma reconhecida universidade espanhola. Em pesquisa realizada em presídios femininos da Espanha, ela afirma, entre outras coisas, ‘que do ponto de vista jurídico, existem muitas mulheres que não apresentam qualquer periculosidade criminal, mas que acabam ficando presas por uma política altamente repressiva em relação a questão de gênero e estrangeria. Esta situação é um absurdo, porque elas não conseguem demonstrar arraigo’. É exatamente o que aconteceu com a Bruna, e acabam não desfrutando do direito de responder em liberdade.”
 
Mesmo sem ter ocorrido o julgamento, Bruna já está sendo penalizada por ser mulher e estrangeira, fato agravado por ela ser de um país latino-americano. Isso explica por que, até agora, foi negado o seu direito elementar de responder em liberdade, mesmo não oferecendo risco algum.
 
Sobre sonhos e pesadelos
Em apenas seis meses trabalhando no navio italiano Costa Cruciere, Bruna viu seus sonhos de juventude transformarem-se em pesadelo. A garota caiu na armadilha de um traficante que a enganou e que também foi preso. Mesmo confessando diante do juiz que tinha posto a droga escondida na mochila da garota sem ela saber, ela não foi liberada pela Justiça espanhola, nem terá direito a ser julgada individualmente.
 
A jovem Bruna está sendo duplamente injustiçada, pois há fortes indícios de xenofobia no caso. Mesmo exercendo sua formação em nutrição para trabalhar na cozinha da prisão, tendo bom comportamento, com uma família espanhola se dispondo a recebê-la em casa e com a atuação do Itamaraty para mediar sua situação, a Justiça espanhola a mantém.
 
O esquema dos grandes cruzeiros, que não têm qualquer regulamentação ou fiscalização trabalhista, tal qual os maus tratos a brasileiros dados pelos europeus, também é um velho conhecido. Dentro das imensas e luxuosas embarcações, onde a burguesia ostenta seu poderio econômico, também viajam trabalhadores e trabalhadoras que sofrem toda espécie de maus tratos. Algumas pessoas simplesmente desaparecem, como é o caso da jovem Laís Santiago, 21 anos, tripulante do cruzeiro marítimo italiano Costa Mágica. Ela desapareceu no ano passado e até hoje não há notícias do corpo.
 
O fato é que as empresas detentoras das embarcações, as agências de viagens e os favoritismos prestados a grandes empresários formam um esquema gigante que move a economia turística nos oceanos do planeta. Isso é fruto do capitalismo selvagem, que corrói a dignidade humana e explora os trabalhadores até não poder mais e depois os largam à margem dos injustos e preconceituosos julgamentos tão comumente praticados pelo império burguês europeu.
 
O PSTU está totalmente solidário ao caso dessa jovem e, junto com familiares e amigos, exige que o governo brasileiro interceda pela garota para que ela possa voltar ao país e recomeçar a sua vida.

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