Na manhã desta segunda-feira, 20 de agosto, em frente à portaria da Cosipa, empresa do Sistema Usiminas, várias entidades e ativistas – entre eles, Conlutas, Sindicato dos Bancários da Baixada, Sindicato dos Servidores de Santos, representante da Alternativa Apeoesp, parlamentares do PSOL, religiosos, etc. – faziam um ato de desagravo quando a direção da empresa agrediu covardemente os trabalhadores, colocando-os para trabalhar à força.

O protesto acontecia porque os metalúrgicos da Cosipa foram duramente reprimidos pela Polícia Militar no início do mês de agosto, quando faziam uma assembléia na portaria da empresa. Os trabalhadores estavam em campanha salarial, e o conflito ocorreu porque a direção da empresa quer que o sindicato assine um acordo que prevê o banco de horas e o turno fixo de oito horas.

A direção do sindicato se recusou a assinar o acordo nesses ternos, pois os trabalhadores fazem turno de 6 horas. A empresa não quer pagar as 2 horas como extras. Os trabalhadores aceitaram o acordo salarial, mas não os “anexos”. Por isso, a empresa está agredindo os trabalhadores.

Entre os religiosos que fizeram uso da palavra, irmã Dolores, de quase 80 anos, disse que “estes segurança de mãos dadas parecem crianças da pré-escola (…) eles estão fazendo mal ao ficar ao lado da empresa e agredirem aos trabalhadores”.

Já João Zafalão, que falou representando a Conlutas, lembrou que “as agressões ocorridas antes e no dia de hoje são parte de um ataque contra os movimentos sociais e estão sendo apoiados pelo debate que o governo Lula está pautando contra a lei de greve”. Ao final, informou que, no próximo dia 24, os professores da rede estadual de São Paulo estarão em greve.

Por volta das 6h30, quando os ônibus que levam os trabalhadores à empresa deveriam chegar, foram retidos na cidade de Cubatão para que os operários não tivessem contato com o ato. Os poucos que chegavam em ônibus das empreiteiras, ao serem chamadados pelo sindicato a se integrarem à manifestação, desciam sem resistência.

A segurança, ao perceber que os trabalhadores estavam aderindo ao protesto contra a repressão, fez um cordão de isolamento para afastar os diretores do sindicato e partiram para agressão, causando um tumulto generalizado. Houve troca de socos e pontapés entre os seguranças e os manifestantes. Os trabalhadores se defendiam das agressões. Um trabalhador teve um corte profundo no supercílio e foi levado para o Pronto Socorro.

Os ônibus que deveriam ter entrado às 6h30 na empresa só apareceram por volta das 9h. O turno da administração foi liberado do trabalho.

Segundo dados da imprensa, após a privatização da Cosipa, em 1993, já morreram 93 trabalhadores em acidentes, além de haver muitos mutilados. Esse também foi um dos motivos do protesto.