Biro-Biro e Rogério Romancini acampam em frente à fábrica e recebem apoio de entidades e ativistas
Emmanuel Oliveira

No dia 22 de março, quinta-feira, na portaria da planta Anchieta da Volkswagen, foi realizado um ato com diversos sindicatos, movimentos sociais e estudantis para exigir a reintegração dos diretores do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC demitidos em janeiro e fevereiro passados. Entre as entidades presentes, estavam: Sindserv de Santo André; Sintrajud; Apeoesp de Diadema, Guarulhos e SBC; oposição de Correios; oposição de Metalúrgicos do ABC; Associação Oeste de Diadema; Conlute; Centro Acadêmico da Fundação Santo André; estudantes da USP e da Unesp. Também compareceram PSTU, PSOL, POR e PCB.

O ato contou com a presença do ex-candidato a governador pela Frente de Esquerda, Plínio de Arruda Sampaio, que, ao fazer uso da palavra, relembrou sua ida aos Estados Unidos com Vicentinho para evitar as demissões na Ford. Ele cobrou da direção do sindicato a presença no ato e disse que “a direção do sindicato não pode fazer política miúda, tem de esquecer as divergências internas nesse momento. Eu gostaria de estar aqui ao lado do Feijó [presidente do sindicato] contra esse ataque da Volks”. Ao final da sua fala, Plínio se mostrou indignado com o que a Volks está fazendo. “Essa multinacional não respeita os trabalhadores nem as leis do país”, concluiu.

Campanha internacional
A campanha pela reintegração dos dois diretores demitidos – Rogério Romancini e Biro-Biro – tomou força, chegando à Europa. Diversas mensagens chegam todos os dias, vindas de Portugal, Espanha, Bélgica, Alemanha, Argentina, Peru, Colômbia, Venezuela, entre outros.

Centenas de moções de repúdio, exigindo a reintegração, chegam de todo o país. A campanha também tem contado com declarações de líderes de bancadas dos partidos na Câmara de Deputados. Na Câmara de Vereadores de Campinas, uma moção pela reintegração dos dois diretores demitidos foi aprovada.

Acampamentos dos demitidos dura 13 dias
Rogerinho e Biro-Biro estão acampados em frente ao portão da fábrica no mesmo horário em que fariam um turno de trabalho, das 6h às 15h30. É importante que as entidades visitem o local em solidariedade. Foram montadas duas barracas na portaria da Anchieta e haverá uma manifestação semanal.

Além disso, será marcado um ato na portaria da Volks, unidade de Resende, no Rio de Janeiro, pela reintegração dos diretores. Um cartaz foi elaborado e os ativistas já pensam em formas de arrecadar dinheiro para manter o acampamento.

Onde está a direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC?
No segundo ato realizado na Volkswagen, a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC não compareceu mais uma vez. Apesar de dizer que está “solidária”, a direção majoritária ainda não assumiu a campanha, se restringindo a agradecer as mensagens que recebe.

Em assembléia realizada no dia 21, um dia antes do ato, a direção do sindicato discutiu hora-extra na fábrica. O coordenador do Comitê Sindical de Empresa, Wagner Santana, chegou a mencionar as demissões dos diretores, mas fez uma ressalva: “as duas demissões não terão tratamento diferenciado das demais”, dizendo que estava conversando com a empresa sobre o assunto.

Por mais absurdo que pareça, a direção do sindicato ainda não escreveu uma linha sequer no jornal da entidade, o Tribuna Metalúrgica. Tampouco comunicou o fato à categoria. Essa postura é lamentável, pois a oposição envia sistematicamente cartas e informes sobre a campanha, além de repassar todas as correspondências para a direção do sindicato.

Trabalhadores da Volks, em Assembléia, rejeitam proposta da empresa
“Rapadura é doce, mas não é mole”, diz o dito popular. E foi isso que a direção do sindicato sentiu ao ver reprovada por 70% a proposta da empresa de aumentar a carga horária em mais 5 sábados neste ano, de antecipação de R$ 300 na primeira parcela da PLR e do pagamento do adicional de horas-extras.

A direção do sindicato fez de tudo para convencer os trabalhadores, mas esses mantiveram-se irredutíveis e rejeitaram a proposta. A direção do sindicato defendeu a proposta dentro da fábrica. Em algumas alas, disse, inclusive, que, se os trabalhadores rejeitassem a proposta, as demissões seriam antecipadas.

Desse fato, tira-se uma grande lição: os trabalhadores estão descontentes com o que a direção do sindicato vem fazendo. Com relação à empresa, os operários já perceberam que o acordo de demissão não era devido a uma suposta crise da Volks, mas se tratava de mais uma reestruturação que só visava lucros. Na opinião dos trabalhadores, o sindicato não deveria ter aceito a proposta.

A oposição está exigindo da direção do sindicato uma plenária para debater a suspensão do acordo. A entidade deve fazer com urgência uma assembléia para que os trabalhadores votem pela suspensão.