Cerca de 2.500 trabalhadores foram às ruasUma vitória dos trabalhadores da Construção Civil de Belém. O ato do dia 14 de agosto, Dia Nacional de Lutas e Paralisações, foi marcado pelas iniciativas da Conlutas, que passou nos canteiros de obras, mobilizando os operários do setor a pararem seus trabalhos e participarem da marcha que reuniu, além da própria Conlutas, o MST e as centrais sindicais governistas.

Enquanto CUT e CTB estavam na Praça do Operário, sem nenhuma mobilização, o Sindicato da Construção Civil de Belém, ligado à Conlutas passava nas obras e conversava com os operários. O resultado foi que aproximadamente 2.500 trabalhadores da Construção Civil abandonaram suas obras e seguiram em marcha junto à Conlutas pelas principais ruas da Grande Belém. A mobilização começou de manhã bem cedo.

Várias obras importantes foram paradas. Em cada uma, trabalhadores se juntavam à caminhada, que ganhava mais força e animação. Nem o sol quente foi capaz de desanimá-los. Os próprios trabalhadores exigiam que seus colegas abandonassem seus serviços e participassem do ato. A categoria, em Belém, está em plena campanha salarial. As principais propostas dos trabalhadores estão ligadas ao piso salarial, ao aumento da PLR, à redução da jornada de trabalho, à alimentação e ao vale-digital.

Para o servente de pedreiro Jurandir Silva, que trabalha há 20 anos na construção civil, o ato de hoje foi de suma importância para a categoria. “Nossos patrões só sabem ganhar enquanto muitos companheiros perdem inclusive suas vidas no canteiro de obras. Espero que com este ato a nossa campanha tenha sucesso”, disse.

O ato parou as principais ruas de Belém, chamando a atenção de quem passava. Além da campanha salarial, outros assuntos como o Fora Sarney, gripe suína e a campanha contra a privatização da água na cidade foram lembrados durante a caminhada. O ato também foi importante porque denunciou a falsa propaganda do governo com relação à crise econômica de que o pior já passou. Vários trabalhadores da construção civil de Belém foram demitidos no último semestre. Segundo o sindicato, foram de 15 a 20 trabalhadores demitidos por dia no último mês.

O ato também marcou a aliança operário-estudantil. Muitos estudantes de Belém que foram para o Congresso Nacional de estudantes (CNE) e hoje constroem a Assembleia Nacional de Estudantes – Livre (Anel) em alternativa à UNE estavam presentes no ato, passando em obras e mobilizando os trabalhadores.

Um momento importante e decisivo marcou a vitória do ato: a parada em frente à Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa). Nesta entidade, funciona o Sindicato da Patronal da Construção Civil. Os trabalhadores pararam em frente à Fiepa e começaram a gritar palavras-de-ordem. Pressionado, o diretor do sindicato da patronal, Manuel Pereira, o Maneco, chamou uma comissão para conversar e dizer que já estava marcada a primeira rodada de negociação com a categoria para o próximo dia 18 de agosto.

Esse é apenas o começo de uma rodada que deve ser tensa. A última assembleia da categoria aprovou um prazo para os patrões: até o dia 25. Depois dessa data, se a patronal continuar dificultando a negociação, a ordem é greve na categoria.

Depois da Fiepa, o ato encontrou-se com o MST e as outras centrais sindicais. No final, os trabalhadores foram para o sindicato onde foi servida uma gostosa feijoada. Os trabalhadores comemoraram esse dia importante de luta que, nas palavras de Atnágoras Lopes, da Conlutas “foi uma grande vitória, especialmente porque paralisou setores importantes da classe trabalhadora. Essa campanha salarial será um sucesso, na lei ou na marra”.