Na última terça-feira, dia 11, ocorreu uma manifestação que contou com a presença de cerca de 2 mil estudantes, entre pré-vestibulandos, secundaristas e universitários, para protestar contra a adesão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ao Novo Enem. Os vestibulandos denunciaram a antecipação repentina da prova (um mês) e a mudança do programa que seria cobrado, com a exclusão dos livros que já tinham sido comprados. Tudo isso sem um debate com aqueles que são os principais interessados, ou seja, os estudantes.

A reitoria da UFMG não abriu nenhuma discussão na universidade sobre o tema, apenas fez com que todos engolissem a decisão. Foram dadas menos de duas semanas para que as congregações discutissem o assunto, sendo que em sua maioria foram contra a adesão nesse ano devido ao pouco tempo de discussão. Os estudantes, sequer tiveram a oportunidade de debater sobre o tema.

Na última semana, o conselho de DAs da UFMG, por dez votos contra um, decidiu ser contra a adoção do Novo ENEM pela UFMG. Mesmo assim o DCE foi ao Conselho Universitário e teve a cara de pau de ignorar a posição da maioria das entidades estudantis da UFMG e defendeu a adesão ao Novo Enem. A bancada estudantil, em sua maioria composta por membros da atual gestão do DCE, votou pela adoção do Novo Enem em 2011. Votos esses que fizeram a diferença entre adotar a política do Governo Lula ou não.

Ficou bem claro que o DCE da UFMG, ligado à UNE, gestão “Outras Palavras”, está ao lado da reitoria da universidade e segue cegamente as políticas do governo que atacam a educação pública. Esse fato se evidenciou novamente na Manifestação contra o Novo Enem, onde foi cobrada a presença do DCE para dar explicações sobre o seu posicionamento e o mesmo não estava presente e não se pronunciou. O que fez com que os estudantes presentes, ao saber que o diretório central dos estudantes chegou a organizar um ato bastante esvaziado a favor da adesão ao Novo Enem, gritassem palavras de ordem como: “DCE farsante, inimigo do estudante!”

Em contrapartida, a ANEL esteve presente no ato, reafirmando a necessidade do fim do vestibular, lutando por uma expansão com qualidade das vagas nas Universidades Públicas e carregando a bandeira histórica do movimento estudantil do investimento de 10% do PIB em educação, além da defesa da mobilidade acadêmica com Assistência Estudantil (moradia, bolsa, alimentação).

A manifestação durou cerca de quatro horas, passando pela principal avenida da universidade e chegando a reitoria. Uma comissão de vestibulandos chegou a ser recebida pela Reitoria da Universidade, mas não houve nenhum encaminhamento concreto. A Reitoria alegou não ter autonomia suficiente para revogar a decisão do Conselho Universitário e deixou os estudantes sem resposta.

Mais uma vez vemos o papel que a UNE cumpre no movimento estudantil, estando ao lado dos projetos privatizantes do Governo e das Reitorias para a Educação. E por outro lado vemos cada vez mais necessidade da construção da ANEL enquanto uma alternativa organizativa para as lutas dos estudantes.