Na noite da última quinta-feira, dia 13 de março, aconteceu mais uma manifestação contra as injustiças da Copa do Mundo, na cidade de São Paulo. Foram mais de 2.500 jovens trabalhadores nas ruas, exigindo “chega de dinheiro FIFA e para as grandes empresas, mais dinheiro para saúde, educação, transporte e moradia”.

Da Copa eu abro mão, quero mais dinheiro pra transporte e educação” gritavam os jovens presentes na forte e animada coluna da ANEL, na qual caminhavam estudantes da USP, trabalhadores metroviários, professores e secundaristas do Movimento Reviravolta. Chamou muito atenção também o forte apoio entre os presentes à vitoriosa greve dos garis do Rio de Janeiro, que deu um grande exemplo de luta  para todo o Brasil.

A concentração da manifestação se deu no Largo do Batata, que também foi palco da concentração da maior manifestação popular da história de São Paulo, em junho do ano passado. Mas, a forte presença do efetivo policial, 1.700 homens da PM, segundo a grande imprensa, causou tensão logo na concentração da passeata. Perguntavam muitos ativistas presentes “será que vão impedir a passeata de seguir seu trajeto até a Avenida Paulista?”.

Essa dúvida tinha uma explicação. Na última manifestação, a PM de Alckmin e do PSDB cercou o protesto, impedindo seu legítimo prosseguimento e prendeu mais de 200 manifestantes. Um verdadeiro absurdo!

Porém, desta vez foi diferente. A passeata saiu com força, foi crescendo durante seu trajeto e desfilou na mais importante avenida da cidade, com mais de dois mil jovens cantando “A Paulista é nossa!”. O que mudou da última passeata para essa?

Uma inflexão na conjuntura política nacional
Na última passeata, estávamos ainda na conjuntura marcada pela tragédia da morte de Santiago – cinegrafista da Band – na manifestação do Rio de Janeiro. Os governos, a burguesia e a grande mídia empresarial usaram essa tragédia para tentar acuar nosso movimento e impor uma contraofensiva conservadora, que busca criminalizar quem luta em nosso país.

Essa contraofensiva está presente no Governo Alckmin – corrupto e ditador – mas também no Governo Federal, onde o governo Dilma e do PT tenta legalizar ainda mais a criminalização do movimento com a sua dita lei “antiterror”. Um verdadeiro AI-5, logo no ano que lembramos os 50 anos do golpe militar no Brasil.

Uma vergonha!
Mas, essa contraofensiva repressiva teve um grande revés. A greve dos garis do Rio de Janeiro, que começou sendo também duramente reprimida, mas com a força da sua mobilização e com o incrível apoio majoritário da população, em pleno carnaval carioca, conseguiu arrancar uma grande conquista.

O novo momento, que teve na greve dos garis do Rio o principal fato, impulsionou e fortaleceu muito a passeata de ontem e impediu a possibilidade repressão que estava montada. Na última quinta-feira, embora ainda tenham acontecido arbitrariedades e também prisões, a PM, na maior parte do tempo, virou espectadora da linda passeata.

Aproveitar a nova conjuntura para unificar a luta
No próximo final de semana, entre os dias 21, 22 e 23 de março, acontecerão três importantes encontros nacionais, sediados aqui em São Paulo. No dia 22, sábado, acontece o Encontro Nacional do Espaço de Unidade de Ação, impulsionado pela CSP-Conlutas e várias outras entidades e movimentos sociais. Na véspera, dia 21, acontece a 8ª Assembléia Nacional da ANEL. E, no domingo, o Encontro Nacional de Negros e Negras da CSP-Conlutas. Todos estes eventos terão como tarefa definir um plano de lutas unitário, para ser discutido coletivamente com todos os movimentos que estão em luta.

O impulso positivo da greve dos garis, como também a histórica luta em curso dos operários do Comperj, da greve dos rodoviários de Porto Alegre, entre tantas outras, fortalecem a possibilidade de unidade e de futuras mobilizações. Queremos realizar não só um grande encontro em março, mas principalmente uma grande jornada de luta, greves e mobilizações durante o megaevento da FIFA no Brasil.

Derrotar a repressão e a criminalização dos movimentos sociais
Apesar dos avanços significativos de nosso movimento, não podemos deixar de dar toda a atenção à luta contra a repressão. Essa semana, os líderes do Bloco de Lutas de Porto Alegre, entre eles dirigentes do PSTU, do PSOL e anarquistas, foram indiciados por “formação de milícia privada, posse e emprego de explosivos, furto qualificado e danos simples e qualificados”.

Uma clara tentativa de criminalizar as lideranças das mobilizações de juventude, inclusive nosso camarada gaúcho Matheus Gomes, o “Gordo”. Esse inquérito se soma aos outros que estão ocorrendo desde as jornadas de junho. Aqui no estado de São Paulo, em Campinas e na capital, temos dezenas de ativistas independentes, da ANEL, e militantes do PSTU sendo investigados pela Polícia.

É preciso continuar nas ruas, cobrando nossas reivindicações e exigindo nossa liberdade de expressão e nosso direito de se manifestar. As balas de borracha e bombas não atingem nossos sonhos. E as prisões não podem calar a nossa voz de protesto. Convidamos o conjunto dos movimentos a encampar uma ampla contra a repressão e a criminalização dos movimentos sociais, e pelo fim imediato da PM. Lutar não é crime!

ACESSE o blog do PSTU paulista