Plenária nesta terça define os próximos passos do movimento “Fora Arruda”Movimento “Fora Arruda” resiste e se articula no Distrito Federal para não permitir que CPI acabe em pizza, ou melhor, em panetone. Na quinta-feira, 21, após o presidente da comissão, Alírio Neto (PPS) suspender a CPI, manifestantes despejaram 30 sacos de esterco em frente à Câmara Legislativa.

O protesto bem-humorado foi respondido com violência pela tropa de choque da Polícia Militar, que agiu em defesa dos acusados por corrupção. Sob pancadaria, estudantes foram enxotados do local. Durante a repressão, a estudante de Ciências Sociais da UnB Ingrid Cartaxo foi arremessada ao chão e teve o braço fraturado pelo tenente-coronel identificado como Cláudio Armond.

No dia 11 de janeiro, uma manifestação já havia acontecido em frente à Câmara. Nesta data, a Casa retomava suas atividades após recesso de final de ano. Além de exigir o “Fora Arruda”, os ativistas protestaram contra o presidente da Câmara Legislativa, deputado Leonardo Prudente (ex-DEM), flagrado em vídeo colocando dinheiro de propina nas meias.

Um dia antes, no domingo, estudantes foram à frente da casa de Prudente. Eles colocaram um caixão em frente à residência e penduraram meias e faixas de protesto na cerca.

Os ativistas não se intimidaram e sabem que só a mobilização vai garantir a condenação dos corruptos. “Como temos visto através da mídia burguesa, não podemos ter ilusões de saídas por via judicial”, disse, em nota, Robson da Silva, da Secretaria Executiva Estadual da Conlutas-DF. “Só com a força da mobilização das massas é que poderemos derrubar Arruda e sua quadrilha, bem como cortar o caminho de retorno de Roriz e outros que tentam fazer como ele e o atual governador”, concluiu.

Está marcada para esta terça, 26, uma plenária para discutir os rumos do movimento. A reunião acontece a partir das 19h, na sede da CUT-DF. Na ocasião, vai começar a organização de um bloco de carnaval “Fora Arruda”.

Ainda dentro do calendário, no dia 7 de fevereiro, haverá uma passeata no Eixão e panfletagens nas cidades e escolas.

Manobras
Alírio Neto, aliado de Arruda, preside a CPI que investiga o mensalão do DEM no Distrito Federal. Ele suspendeu os trabalhos da comissão na quinta-feira, 21, alegando que estava cumprindo uma decisão judicial. A ação, no entanto, foi uma manobra para favorecer os envolvidos.

Na quarta anterior, o juiz Vinícius Santos Silva invalidou a participação de oito deputados envolvidos no escândalo nas decisões sobre o caso. Como os parlamentares haviam participado da formação da CPI, os governistas entenderam que a mesma deveria ser enterrada.

Contrariando a decisão do parlamentar, o juiz emitiu um parecer em que afirma que a decisão “refere-se única e exclusivamente ao processamento do impeachment (CCJ e Comissão Especial Processante do Impeachment) não versando em momento algum sobre convocações extraordinárias, CPI, ou qualquer outra comissão”.

Após um enorme desgaste, Alírio Neto recuou e disse que a CPI não estava cancelada. As tentativas de abafar o caso, contudo, não param. Nesta segunda-feira, o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, concedeu habeas corpus permitindo que o empresário Avaldir da Silva Oliveira fique calado no depoimento à Polícia Federal na quarta-feira, 27. Oliveira é dono da CTIS, empresa de Tecnologia da Informação, citada como participante do esquema de corrupção.

Após muita pressão, Leonardo Prudente renunciou à presidência da Câmara Legislativa, nesta segunda-feira. Os governistas já se articulam para manter o controle da Casa. Os deputados Wilson Lima (PR), Ribeiro e Eliana Pedrosa (DEM) estão na disputa pelo cargo. Ribeiro e Pedrosa são ex-secretários de Arruda. A oposição ainda não tem candidato.