Ato reuniu 2 mil, segundo a CSP-Conlutas
Raíza Rocha

Ato foi contraponto às grandes festas da CUT e Força Sindical, patrocinadas por empresas e governos

Não havia sorteio de carros ou apartamentos, mas o 1º de Maio Classista e de Luta, tradicional ato de celebração da data organizada por setores classistas, tomou a Praça da Sé na manhã dessa quarta-feira. O ato alternativo às grandes concentrações realizadas por centrais sindicais como CUT e Força Sindical, patrocinadas por grandes empresas e estatais, foi organizado pela Pastoral Operária, CSP-Conlutas, Intersindical, além de ter contado com a presença de diversos sindicatos, movimentos populares e partidos de esquerda como o PSTU, PSOL e PCB.

Cerca de 2 mil pessoas, segundo a CSP-Conlutas, estiveram presentes na manifestação, que começou logo cedo, por volta das 10h. Após uma apresentação teatral, o ato se iniciou com as falas dos movimentos de luta por moradia, que vem enfrentando as remoções e despejos por conta das grandes obras. “Este ano será de muita luta e resistência do povo brasileiro; a Copa do Mundo está vindo e junto com ela todos os ataques e remoções contra o povo pobre”, afirmou Guilherme Boulos, dirigente do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).

Boulos convidou todas as organizações para uma jornada de luta em junho, mês que começa a Copa das Confederações e que deve sofrer um recrudescimento da política de remoções e limpeza urbana contra a população pobre. Valdir Martins, o “Marrom”, dirigente do MUST (Movimento Urbano dos Sem-Teto) também atacou a política do governo Dilma de beneficiar as grandes empreiteiras em detrimento da construção de moradias populares. “Nós queremos sim a Copa, mas queremos também sala, cozinha, quarto…”, ironizou.

‘Aqui estão os que lutam’

Altino Prazeres, presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, pediu uma salva de palmas para todos aqueles que estão em luta.  “Somos hoje todos professores, assim como somos todos sem-teto e em breve seremos todos metroviários”, disse, referindo-se à luta dos movimentos populares, a greve dos professores estaduais, e também a luta contra o aumento da tarifa do metrô pelo governo Alckmin, lembrando também do anúncio do aumento do ônibus pela prefeitura de Haddad. Já João Zafalão, dirigente da Apeoesp pela oposição, convocou um grande unificado da educação estadual e municipal

Luiz Carlos Prates, o Mancha, dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, falou pela CSP-Conlutas e lembrou das lutas e revoluções que varrem o Norte da África, assim como o importante encontro sindical internacional realizado em Paris em abril. Chamando a solidariedade internacionalista entre os trabalhadores, Mancha lembrou que “as lutas dos trabalhadores na Europa contra os planos de austeridade faz parte da mesma luta aqui, contra o ACE (Acordo Coletivo Especial), a reforma da Previdência e outros ataques”.

O dirigente do PSTU, Toninho Ferreira, discursou pelo partido, enfatizando o caráter classista e independente do ato. “Aqui não tem representante do Governo Federal, estadual ou municipal, só dos trabalhadores”, disse. Toninho, que é ainda advogado das famílias do Pinheirinho, atacou a política econômica do governo Dilma, que privilegia apenas banqueiros e grandes empreiteiras e defendeu uma alternativa socialista. “Quando você critica o PT, alguém diz que você é do PSDB; e aí quando você critica o PSDB, dizem que é do PT”, denunciou, “mas não somos nem um, nem outro, queremos construir uma terceira via, uma alternativa dos trabalhadores, socialista”, defendeu.

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