Manifestantes se concentram em frente ao consulado haitiano
Kit Gaion

Mais de 100 ativistas do movimento sindical, popular e estudantil se reuniram na manhã desse dia 28 de julho na capital paulista para protestar contra a ocupação militar do Haiti por tropas estrangeiras. Encabeçada pela recém-fundada CSP Conlutas, o ato contou com a participação do MTST, (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) ANEL-Livre (Assembleia Nacional dos Estudantes), e de organizações como o PSTU e a LER-QI.

A manifestação, que se concentrou inicialmente no Vão Livre do Masp, foi convocada para marcar a data simbólica do dia 28 de julho, mesmo dia em que, 95 anos atrás, em 1915, o país caribenho era ocupado pela primeira vez pelas tropas norte-americanas. Dali por diante o Haiti sofreu sucessivos períodos de ocupação e ditaduras aliadas do imperialismo, que deixaram o seu povo na mais absoluta miséria. Situação que só se agravou com o terremoto que destruiu a capital do país, Porto Príncipe, em janeiro.

Não é livre quem vive a oprimir
O candidato à presidência pelo PSTU, Zé Maria, fez questão de comparecer ao ato e lembrou que o dia também era marcado por uma série de protestos no próprio Haiti. “Hoje ocorrem uma série de manifestações no Haiti por empregos, salário e direitos e também para exigir a retirada das tropas do Brasil e dos EUA”, afirmou Zé, que ressaltou ainda que “a luta deles lá é a mesma que a nossa aqui, já que os mesmos que são responsáveis pela exploração deles, são responsáveis pela exploração dos trabalhadores brasileiros”.

O candidato lembrou de sua viagem ao país em março passado, quando, três meses depois do terremoto, nenhuma ação de reconstrução ainda havia sido efetuada. “Exigimos do governo Lula e de todos os governos do mundo que ajudem o Haiti, mas com remédios, máquinas, comidas, não soldados, não com tropas”, defendeu.

Já a dirigente do MTST, Vanessa de Souza, defendeu que “a solução para o Haiti não é ir lá e reprimir pais de família”. O MTST era uma das organizações com mais ativistas no ato. Ana Pagamunici, membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP Conlutas, ressaltou a importância do internacionalismo da nova entidade. “Vamos voltar aqui no próximo dia 30, quando nos encontraremos com o cônsul do Haiti e expressaremos a ele nossa posição”, informou a dirigente.

A manifestação terminou em frente ao consulado aos gritos de “Fora já, fora já daqui, a polícia dos morros e as tropas do Haiti”, e a palavra de ordem inspirada na frase de Lênin sobre a luta anti-imperialista “não é livre quem vive a oprimir, fora as tropas brasileiras da Haiti”.