Seguindo o calendário de luta contra as reformas e a política econômica do governo Lula, ativistas de todo o país preparam uma grande marcha a Brasília. A manifestação ocorrerá no dia 24 de outubro, reunindo um amplo conjunto de entidade e movimentos. Até agora, Conlutas, Intersindical, Grito dos Excluídos e Pastorais Sociais estão empenhadas na organização da marcha.

A reunião da Assembléia Popular, realizada em setembro, definiu as bandeiras da mobilização. Após a votação do Plebiscito Popular sobre a anulação do leilão da Vale do Rio Doce, que arrecadou milhões de votos em todo o país, o momento agora será de cobrar do governo as questões colocadas na consulta. “A partir da plenária da Assembléia Popular, o dia 24 tomou um caráter bem amplo, de cobrança do governo sobre as questões do plebiscito”, afirma Paulo Pedrini, da Pastoral Operária de São Paulo.

Desta forma, o dia 24 de outubro segue o calendário de lutas impulsionado pelo Encontro Sindical Nacional em março, o dia nacional de mobilizações em 23 de maio e o próprio plebiscito. A importância da marcha é ainda maior pelo momento em que ocorre. A proposta de reforma da Previdência está sendo finalizada pelo Fórum Nacional da Previdência social e a expectativa é que seja remetida ao Congresso em outubro ou novembro.

“O governo quer a reforma da Previdência a qualquer custo e, no plebiscito, ficou evidente que os trabalhadores não aceitam mais esta retirada de direitos. E a marcha tem de levar esta voz de repúdio para as portas do palácio e do congresso”, afirma Beth Lima, da direção do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal do Estado de São Paulo (Sidsef-SP) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Serviço Público Feredal (Condsef) pela oposição.

A marcha deverá reunir, ainda, os principais batalhões da classe trabalhadora. A unidade de vários setores e categorias, além de fortalecer a luta contra as reformas, impulsiona as mobilizações específicas. “A marcha será um pólo unificado para fortalecer a mobilização dos setores que estão em luta, será contra a política econômica, que se desdobra em arrocho salarial e outros ataques diretos aos trabalhadores”, afirma Dirceu Travesso, da Direção Nacional do PSTU e do Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB).

“É uma ação unificada dos servidores com os trabalhadores da iniciativa privada para resistir às reformas anunciadas pelo governo Lula”, destaca Ana Luiza de Figueiredo Gomes, do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal do Estado de São Paulo (Sintrajud).

Além dos servidores e dos trabalhadores da iniciativa privada, a mobilização deverá contar, também, com ampla participação dos estudantes e dos movimentos sociais, como o Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) e setores do MST. Marcos Praxedes, da direção estadual do MLST, fala sobre a importância da unidade para a marcha: “o movimento deve somar a luta da cidade e do campo. Temos de brigar contra as reformas que retiram os direitos dos trabalhadores e lutar pela reforma agrária. Seja um governo de esquerda, seja um de direita, sem mobilização não veremos nenhuma reforma agrária”.

Todos às ruas!
Nos estados, a preparação avança a todo vapor. A fim de garantir um evento destas proporções, os ativistas já começaram a organizar as caravanas, listando os passageiros dos ônibus e fazendo campanhas financeiras para viabilizar a viagem. Junto à convocação da marcha, a discussão sobre os pontos tocados pelo plebiscito também avança.

A Conlutas publicou centenas de milhares de jornais convocando a mobilização. “Fizemos uma reunião da Conlutas no dia 1º e aprovamos a orientação para que as regionais realizem plenárias a fim de organizar e preparar uma grande marcha no dia 24”, afirma Boaventura Mendes, coordenador da Conlutas de Minas Gerais. Só a Conlutas mineira espera levar de 70 a 100 ônibus a Brasília. “Vamos fazer uma ampla divulgação da marcha, com cerca de 80 mil jornais convocando o ato em Brasília”, explica Boaventura.

No Rio Grande do Sul, o Conselho Geral do Sindicato dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPers) aprovou o frete de 21 ônibus. Já em São Paulo, a Oposição Alternativa da Apeoesp conseguiu aprovar em assembléia a ida de um ônibus por subsede do sindicato, o que contabilizará 93 ônibus. Santa Catarina levará de 60 a 70 Ônibus, e Rio de Janeiro, 50.

Com o resultado do plebiscito já definido, o dia 24 de outubro tem tudo para ser a maior manifestação realizada durante o governo Lula. “É o momento de ir para a rua cobrar o governo sobre a opinião pública expressa na votação do Plebiscito Popular”, resume Pedrini.

Resultado do plebiscito será entregue no dia 9
O resultado do Plebiscito Popular realizado de 1º a 9 de setembro será oficialmente entregue ao governo no próximo dia 9 de outubro. No dia anterior, ocorrerá uma série de mobilizações marcando a entrega dos votos. O dia coincide com os 40 anos da morte do revolucionário Che Guevara, ícone de luta e rebeldia em todo o mundo.

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