Debate destoa do pacifismo hegemônico no Fórum e prega a derrota do imperialismoUm dos principais temas deste Fórum Social Mundial é a luta contra a guerra imperialista no Iraque. Contrastando com o recorrente pacifismo estéril que marca esse tipo de discussão, as organizações Stop the War Coalition e Focus On the Global South promoveram nesse Fórum o debate “Resistência e Ocupação no Iraque: O Império está perdendo?”. A defesa da legitimidade da resistência iraquiana esteve presente nas muitas falas do debate, que reuniu centenas de pessoas de várias partes do planeta.

Para Kate Hudson, da Campaign for Nuclear Disarmament, do Reino Unido, “temos que derrotar os Estados Unidos, assim como eles foram derrotados no Vietnã”. Para ela, a campanha mundial contra a guerra deve se inspirar na fala de Che Guevara. “Quando ele dizia que devemos criar um, dois, três Vietnãs na América Latina, também estava dizendo que todas as pessoas no mundo deveriam se unir para lutar contra o Império”.

Porém, quem melhor expressou o sentimento antiimperialista presente no Fórum Social Mundial foi o inglês Chris Nineham, da Stop the War Coalition, uma das organizadoras das mobilizações anti-guerra nos EUA e Europa. Para Chris, “fundamentalmente, os EUA têm um problema militar. Não é exagero dizer que os EUA já foram derrotados no Iraque”. Um dos exemplos dessa derrota seria a incapacidade dos EUA de controlar os territórios iraquianos. “Existem áreas em que as tropas americanas simplesmente não podem entrar”, explica.

No entanto, isso não seria motivo para recuar nas mobilizações anti-guerra. “No Vietnã, mesmo quando os EUA reconheceram sua derrota, continuaram a bombardear o Camboja. Assim como uma fera ferida, mesmo quando atacado, o Imperialismo não recua”, afirma Chris Nineham, que falou da necessidade de uma grande mobilização mundial anti-guerra nos dias 19 e 20 de março.

As Farsas das Eleições

A poucos dias das eleições iraquianas, os ativistas denunciaram a farsa montada pelos EUA. “As eleições iraquianas são uma farsa criada para dividir e criminalizar a resistência iraquiana”, denunciou Chris. “A resistência iraquiana é muito diversa, e os EUA sabem que eles têm o apoio da população iraquiana”, reafirma. Ele ainda falou sobre a necessidade de radicalizar as mobilizações contra o imperialismo, com greves, paralisações e até mesmo ocupações: “É absolutamente necessário uma grande marcha global no segundo aniversário da invasão americana, em março”.

Entretanto, a necessidade de uma mobilização cotidiana contra a guerra foi reafirmada pelos participantes no decorrer do debate, para quem apenas as marchas não seriam suficientes para derrotar o Império. O filipino Herbert Docena sintetizou bem o debate quando afirmou que “Um outro mundo só será possível se o Império entrar em Colapso”.

Um aspecto interessante do debate foi que, apesar da ínfima presença de brasileiros no debate, três cartazes ao fundo denunciavam a invasão militar no Haiti, comandada pelo Brasil.