Manifestantes caminharam do Paço até o ato, na sede da Vale
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Delegações de diversos países se reuniram no Rio de Janeiro, para organizar a luta contra a multinacionalDois atos marcaram, nesta quinta, o encerramento do I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, no Rio de Janeiro (RJ). Delegações de vários países estiveram na capital fluminense, entre os dias 12 e 15 de abril, para debater e organizar a luta contra os danos causados pela mineradora a seus trabalhadores e à natureza.

Pela manhã, os participantes do encontro lançaram o dossiê “Impactos da Vale no Mundo 2010”, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O documento relata a situação dos trabalhadores e do meio ambiente nos mais de 20 países onde a empresa atua, incluindo seis estados brasileiros. Foram apresentados os casos mais emblemáticos, que são a USW, no Canadá, Eixo Carajás, Moçambique, Minas Gerais e América do Sul.

Depois do lançamento do dossiê, parte dos presentes, cerca de 50 pessoas, se dirigiu à porta da sede mundial da empresa. Lá aconteceu o ato de encerramento com as falas das diversas delegações do Brasil e internacionais. Do Brasil, falaram representantes da Conlutas, da CUT e de movimentos sociais.

Com bandeiras, faixas e palavras de ordem, eles exigiram a soberania dos povos e denunciaram os ataques da empresa aos trabalhadores. “Brasil, Canadá, América Central, a luta contra a Vale é internacional”, cantaram em frente à sede da Vale, no Centro do Rio de Janeiro.

Um bolo foi partido em comemoração à grande greve canadense. A delegação do Canadá encerrou a atividade jogando tinta vermelha na calçada em frente ao prédio “para representar o quanto de sangue a Vale suga de seus trabalhadores”, falou Alexandre Lopes, da Conlutas do Rio de Janeiro.

Com a mesma tinta, ficou escrita a frase “Não vale!” no chão da empresa.

O encontro
O encontro reuniu 150 trabalhadores de organizações, entidades e movimentos sociais do Brasil, Canadá, Chile, Argentina, Nova Caledônia, Peru, Equador e Moçambique, além de observadores de outros países, como Alemanha, Itália, Estados Unidos e França. Do Brasil, participaram comunidades atingidas pela empresa, organizadas pelo MST e pelo MAB, e trabalhadores da mineração, de diversos lugares, como Pará e Minas Gerais. A delegação de Minas Gerais, organizada pela Conlutas, veio em caravana, realizando atos em diversas cidades mineradoras, na semana que antecedeu o encontro.

Durante o encontro, um trabalhador canadense descreveu sua impressão da Vale no Brasil: “Eu estou escandalizado como a Vale destrói o seu país, ataca pessoas e crianças, acaba com a água e a natureza. Eles querem que a gente adote uma nova ‘cultura´, mas nós percebemos que a cultura que eles falam não é a do Brasil, dos brasileiros… é a cultura da Vale”.

A Vale-Inco, subsidiária da empresa no Canadá, os trabalhadores estão em greve há nove meses. O slogan da mobilização é “Um dia a mais, um dia mais forte”. Os trabalhadores tem recebido a solidariedade dos canadenses, e também do mundo todo, incluindo o Brasil.

O objetivo do encontro foi trocar experiências sobre o que acontece aos trabalhadores da empresa em cada país e às comunidades atingidas pela destruição que ela provoca. Assim, será possível unificar as ações contra a Vale em todo o mundo, dando mais força ao movimento.
É preciso que a mineradora seja responsabilizada pelos prejuízos que causa no mundo todo e que acabe a superexploração aos trabalhadores, que adoecem, morrem e ganham uma miséria ao mesmo tempo que produzem o lucro astronômico que a empresa divide entre seus acionistas.

Convocaram o encontro:
Campanha Justiça nos Trilhos, Movimento pelas Serras e Águas de Minas, Comitê Mineiro dos Atingidos pela Vale, Conlutas, Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS), Rede Justiça Social e Direitos Humanos, Rede Brasileira de Justiça Ambiental, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), ILAESE (Instituto Latino Americano de Estudos Sócio-Econômicos), CEPASP Marabá (Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular), Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos, Sociedade Paraense dos Direitos Humanos, Instituto Madeira Vivo, CPT nacional, Associação Paraense de Apóio às Comunidades Carentes, Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia, Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense/AMB, Movimento Artístico, Cultural e Ambiental de Caeté (MACACA), Sindicato Metabase Inconfidentes Congonhas, Sindicato Metabase Itabira, Brigadas Populares (MG), Justiça Global. Assembleia Popular Nacional, Jubileu Sul Brasil, Grito dos Excluídos – Brasil, Grito dos Excluídos Continental, Associação de Favelas de São José dos Campos/SP, IBASE, Consulta Popular, Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), Associação de Pescadores de Pedra de Guaratiba (AAPP), APESCARI, Fé e Política – Sepetiba, Núcleo Socialista de Campo Grande (RJ), Coletivo “A Baía de Sepetiba pede Socorro”, FASE/ Amazônia, Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias dos estados do Maranhão, Pará e Tocantins (STEFEM), SINDIMINA – RJ, CUT Maranhão

* Com informações do blog http://atingidospelavale.blogspot.com

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