A crônica falta de investimento vem precarizando o SUS e provocando um acelerado aumento de doenças entre as mulheresHoje, calcula-se que 75% da população brasileira utiliza o SUS. As mulheres são a maioria, já que estas frequentam os serviços de saúde para o seu próprio atendimento ou acompanhando crianças, familiares, pessoas idosas, com deficiência, vizinhos ou amigos. 

Quando o SUS foi implantado houve uma preocupação em se garantir o direito à saúde universal e gratuita para a classe trabalhadora e, dentro dela, para as mulheres. Foi criado o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), que garantiu, em lei,  a atenção integral em todas as fases da vida da mulher. Uma vitória do movimento organizado, já que, antes, a atenção à saúde da mulher se restringia ao período de maternidade.

A conquista legal, porém, não se efetivou. E as medidas do governo Dilma, infelizmente, buscam novamente restringi-la. Por isso, as mulheres continuam lutando por acesso a serviços públicos de saúde, de qualidade, com profissionais capacitados para atendimento nos diferentes ciclos de vida da mulher; o direito à maternidade, partos humanizados e  a descriminalização e legalização do aborto (ver página 12).

As doenças que matam as mulheres denunciam ineficiência do SUS
Segundo o Ministério da Saúde, as mulheres (entre 10 a 49 anos) adoecem e morrem das seguintes causas prioritariamente: neoplasias, doenças cardiovasculares, causas externas, doenças infecciosas e parasitárias e doenças relacionadas à gravidez, parto e puerpério (recém-nascido).

O câncer de mama é o mais comum. Em 2010, foram estimados 49.240 casos novos. Se diagnosticados e tratados oportunamente, as chances de cura são relativamente boas. Contudo, as taxas de mortalidade continuam elevadas porque as mulheres não têm acesso, no serviço público a exames de mamografia periódicos para rastreamento da doença. Também encontram dificuldades para realizarem outros exames complementares, como punções e biopsia retardando seu tratamento.

O câncer do colo do útero é o segundo mais frequente na população feminina. As mulheres que apresentam alguma alteração no exame ginecológico conseguem vaga para atendimento especializado após um longo período de espera. Quando diagnosticado precocemente, esse tipo de câncer apresenta percentual de cura de 100%. Mas milhares de mulheres (a maioria pobre) morreram devido à doença.

Já as doenças infecciosas representam a quarta causa de morte entre as mulheres. Destaca-se o aumento de casos de HIV. Em 1985, para cada 15 casos novos de contaminação pelo HIV em homens, havia uma mulher. Em 2005, essa proporção chegou a 10 mulheres para cada 15 homens. Hoje, a contaminação pelo HIV é maior entre as mulheres jovens: são oito casos em homens para cada 10, em mulheres.

As doenças relacionadas à gravidez, parto e puerpério ocupam o nono. lugar nas estatísticas. Cabe destacar essa causa de mortalidade, pois o Brasil ocupa os primeiros lugares no ranking de morte materna. Provavelmente o índice de complicações decorrentes do abortamento inseguro é mais expressivo, visto que é a causa base de muitos casos de hemorragia.

O Brasil apresenta 68 mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos. Um índice até dez vezes maior do que a dos países ricos.
 
Privatização na contramão da garantia dos direitos
A crônica falta de investimento vem levando à precarização do SUS. Os governos (tanto do PSDB quanto do PT) apontam como saída a privatização dos serviços de saúde por meio das Organizações Sociais (OS), Fundações Estatais de Direito Privado, Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, Melhor em Casa, SOS Emergência, entre outras parcerias público-privadas.

Infelizmente, é justamente pelas mãos de uma mulher que haverá ainda mais cortes na saúde de todas as mulheres trabalhadoras. O governo Dilma cortou R$ 5,5 bilhões do orçamento da Saúde. A redução do financiamento da saúde reduz o atendimento às mulheres e, com a privatização da saúde, as mulheres perderão a pouca assistência integral que existe no SUS.

Para que as mulheres não morram: fortalecer o SUS!
Lutamos pelo fortalecimento do SUS público, estatal e de qualidade. Somos contra a saúde privada que encara o ser humano como uma possibilidade de lucro. Entendemos que é necessário investimento na saúde pública, de no mínimo 6% do PIB, para avançar na atenção integral à mulher e ao conjunto dos trabalhadores. É com investimento real que se reduz o número de mortalidade materna, inclusive na prática do aborto, a redução dos casos de HIV e o número de mortes de pacientes de câncer de mama e colo do útero.