O mundo amanheceu estarrecido nesse dia 30 de julho. As imagens dos corpos de crianças libanesas sendo resgatados dos escombros e carregados nos braços de seus familiares chocaram o planeta e deram e dimensão exata do horror patrocinado pelo estado de Israel. Desmascararam também os que cinicamente classificam os ataques israelenses como mera “reação desproporcional“ ao suposto terrorismo árabe.

Pois terrorismo é uma palavra que o Estado judeu provou que sabe o significado. A chacina de Israel foi perpetrada através de intensos bombardeios na cidade de Qana, no sul do Líbano. O ataque atingiu em cheio um edifício de três andares que abrigava as famílias que não tiveram condições financeiras de deixar a cidade. O total de mortos só em Qana chega a 54. Destes, 37 crianças. Foi o pior massacre realizado por Israel nos 19 dias da ofensiva sionista sobre o país. O ataque repete a chacina de 1996, quando bombas israelenses trucidaram 106 civis na mesma província de Qana, localidade considerada sagrada pelo povo libanês.

O premiê israelense Ehud Olmert pretende superar os feitos genocidas do assassino Ariel Sharon, que atualmente vegeta num leito de hospital, e declarou “lamentar“ as mortes de civis no ataque. Mais uma vez, responsabilizou o Hizbollah pelas mortes e anunciou a “abertura de investigação“ sobre o ataque. No entanto, poucos parecem ter se convencido que uma das mais bem equipadas potências militares do mundo cometeria tal erro. As declarações de Olmert, tal como os fragmentos do míssel teleguiado norte-americano encontrado em Qana, não escondem o óbvio: os ataques indiscriminados a alvos civis no Líbano são deliberados.

O massacre ocorreu poucos dias após Israel ter frustrada sua tentativa de invasão por terra do Lìbano. O exército israelense foi rechaçado pelas tropas do Hizbollah na cidade de Bint Jibeil, onde os sionistas perderam nove soldados em combate. No mesmo dia 30 de julho, as tropas israelenses não conseguiam tomar o Vale do Bekaa devido à resistência libanesa. Apesar de anunciar um cessar-fogo de 48 horas logo após o massacre, Israel continua os ataques por terra.

Desde o ínício do conflito, a estratégia de Tel Aviv é atacar a população indefesa do Líbano e sua infra-estrutra, além de escolas e hospitais. Tentavam com isso transformar a vida do povo libanês num inferno e minar a base de apoio ao Hizbollah, um dos maiores expoentes da resistência árabe contra o expansionismo sionista. Os ataques, porém, só uniram ainda mais o povo libanês e fortaleceram a resistência em torno da organização islâmica.

Os brutais ataques de Israel também desencadearam a revolta da população árabe contra a ONU. Mesmo diante da carnificina promovida pelo Estado judeu, a Organização das Nações Unidas limitou-se, a exemplo de Israel, a “lamentar“ as mortes. Nenhuma palavra de desagravo foi proferida contra os sionistas. Lula, por sua vez, disse estar “indignado“ e “chocado“, mas também não condenou Israel. Nem mesmo com o assassinato de sete brasileiros e todos os obstáculos colocados por Tel Aviv para a retirada de compatriotas do Líbano, Lula é capaz de responder a Israel.

Tamanha covardia, no entanto, passou longe das populações árabes, que se levantaram contra a ONU. Manifestantes destruíram a sede da ONU em Beirute e na Palestina. Inúmeras manifestações contra as Nações Unidas foram realizadas no Oriente Médio e na Europa. A máscara da ONU vai rapidamente caindo. Embaixadas dos EUA também estão sendo alvo de protestos. O massacre desencadeou uma onda de protestos até mesmo dentro de Israel. Manifestações contra a ofensiva no Líbano ocorreram na capital Tel Aviv, na Galiléia e em Haifa, cidade mais atingida pelos katiusha do Hizzbollah.

A ofensiva israelense, além de tirar o pano e escancarar o verdadeiro papel da ONU, também revela explicitamente o caráter do Estado judeu: o de um encrave imperialista no Oriente Médio. A posição oficial de Israel diante do conflito é divulgado pelos EUA. A Secretária de Estado dos EUA, Condolezza Rice, fez questão de se reunir com o Olmert para traçar os próximos passos da ofensiva. Tal posição vem acirrando o sentimento anti-imperialista em todo o planeta. Cada vez mais a bandeira sionista é identificada com o imperialismo ianque e seu braço diplomático, a ONU.