José Dirceu
Agência Brasil / arquivo

O cerco em torno do ex-ministro José Dirceu, apontado por Roberto Jefferson (PTB) como chefe do esquema do mensalão, está se fechando. Simone Vasconcelos, diretora financeira da SMPB, empresa do publicitário Marcos Valério, confirmou ao jornal Folha de S. Paulo que autorizou Roberto Marques, assessor pessoal de Dirceu, a sacar R$ 50 mil de uma das contas de Marcos Valério no Banco Rural.

No dia 30 de julho, a revista “Veja“ já divulgara a cópia de uma lista com a relação das pessoas autorizadas a retirar dinheiro da conta de Valério e, entre elas, estava Roberto Marques. As empresas de Marcos Valério são suspeitas de lavar dinheiro público para o pagamento do mensalão aos deputados para votarem com o governo.

A assessoria de José Dirceu chegou a declarar que certamente o nome não seria o do amigo de Dirceu, mas de um provável homônimo. Entretanto, a declaração de Simone confirma que o nome de Roberto Marques não é uma coincidência e se refere mesmo ao assessor do ex-ministro.

A diretora da SMPB deverá confirmar as informações durante seus depoimentos à Polícia Federal e à CPI dos Correios, ambos nesta semana. Com as denúncias do envolvimento de Dirceu, cresce a expectativa de seu depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, nesta terça, dia 2. Também aumenta a pressão para que ele seja convocado para depor na CPI dos Correios.

No depoimento de Dirceu ao Conselho de Ética, o ex-ministro ficará cara a cara com Roberto Jefferson, pela primeira vez desde que o petebista fez as denúncias sobre o esquema do mensalão. Jefferson disse que vai acompanhar o depoimento de Dirceu da primeira fila.

Com as recentes acusações, Dirceu soltou uma nova nota negando tudo. “Contesto taxativamente a suposição de que Roberto Marques, que é meu amigo, e não meu assessor, tenha sido autorizado a sacar dinheiro das contas de empresas do senhor Marcos Valério“, diz Dirceu na nota. Já há algum tempo o ex-ministro vem soltando repetitivas notas negando acusações e afirmando “desconhecer” fatos que ligam seu nome à lama do Congresso e do governo. As notas não estão convencendo.

Os fortes indícios do envolvimento de José Dirceu no esquema do mensalão são mais um exemplo para concluir que o presidente Lula também sabia da maracutaia. Dirceu era o braço direito do presidente, era o principal nome do governo e também amigo pessoal de Lula. O presidente praticamente estabelecia uma parceria com o ex-ministro para governar e isso nunca foi segredo. A saída de Dirceu do ministério da Casa Civil e o seu afastamento do presidente são mais uma jogada para blindar Lula e conseguir uma saída negociada para uma crise sem fim. Não sejamos ingênuos. Se Dirceu está afundado na lama até o pescoço, Lula está abraçado com ele e tão sujo quanto seu colega.