Num encontro triunfante em Vitória, no Espírito Santo, nos dias 19 e 20 de julho, dirigentes sindicais da corrente combativa União e Luta votaram um plano de lutas e a realização de uma pesquisa de opinião entre os trabalhadores das minas do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, de Carajás, no Pará, de Sergipe, além dos ferroviários de Vitória e Minas. Nesses lugares se concentra a maioria dos trabalhadores da Vale do Rio Doce.

Na semana passada foi dado outro passo decisivo na organização da campanha, com a realização de assembléias em Congonhas e Ouro Preto, em Minas Gerais, nos dias 6 e 7. No dia 9 foi a vez dos trabalhadores das minas de Carajás. Os ferroviários do Espírito Santo e Minas realizaram suas assembléias entre os 9 e 13 de agosto. Na cidade mineira de Itabira, berço da companhia, o encontro foi realizado no dia 14.
As assembléias confirmaram a pesquisa de opinião (veja abaixo) realizada pelos sindicatos e oposições sindicais. Nelas ficou clara a disposição de luta dos trabalhadores da CVRD para fazer uma campanha salarial diferente. Pela primeira vez em dez anos, não será uma campanha isolada, pois se buscará unificar a luta com metalúrgicos, petroleiros e bancários que também estão em campanha salarial.

Dois aspectos importantes irão nortear as negociações coletivas dos trabalhadores da CVRD. O primeiro será a luta pela valorização salarial, exigindo a reposição das perdas salariais dos últimos dez anos e aumento real de salário como carro-chefe. Os trabalhadores devem aproveitar o bom momento da indústria de extração mineral, que cresceu três vezes mais que os demais setores industriais. O crescimento do lucro frente ao ano de 2002 foi de 800%. O lucro da Vale no primeiro semestre de 2007 atingiu a astronômica cifra de R$ 10,9 bilhões, com a perspectiva de fechar o ano com mais de R$ 26 bilhões.

No aspecto político, a campanha será norteada pela luta dos trabalhadores da Vale, com o conjunto dos movimentos sociais, pela anulação do leilão e pela reestatização da empresa, e contra a reforma da Previdência, proposta pelo governo e pelos patrões.

A pesquisa mostrou que os sindicatos estão no caminho certo ao participarem dos comitês estaduais do Grito dos Excluídos. A maioria dos trabalhadores da CVRD votou a favor da anulação do leilão de privatização e pela reestatização da empresa, demonstrando a insatisfação com os atuais gestores e a necessidade de a Vale voltar a ser um bem público.

Os trabalhadores também colocaram na ordem do dia a luta contra a reforma da Previdência. Na Vale existem milhares de trabalhadores que perderam o direito de se aposentar aos 25 anos de trabalho, devido às mudanças já realizadas na Previdência, que prejudicaram os trabalhadores. Entre elas, a criação do fator previdenciário, que aumentou o tempo de serviço e reduziu os valores das aposentadorias, a diminuição do valor do auxílio-doença recebido pelo trabalhador e a alta médica pré-definida (ao se afastar por problemas de saúde, o trabalhador tem data programada para voltar ao trabalho, mesmo seguindo doente).

Como todas as mudanças realizadas por FHC e Lula pioraram a vida das pessoas, fazer esta discussão com a categoria é muito fácil.

Maioria votou pela anulação do leilão
Recente pesquisa realizada entre os trabalhadores da CVRD, em Minas Gerais, Pará e Espírito Santo, detectou que os funcionários estão a favor da anulação do leilão de privatização da Vale e contra a reforma da Previdência.
Foram mais de dois mil trabalhadores entrevistados entre os dias 30 de julho e 6 de agosto. Os funcionários da CVRD, além de opinar sobre as cláusulas que compõem a pauta de reivindicação da categoria, se posicionaram também sobre o tema da anulação do leilão e a reforma previdenciária.

Segundo os dados iniciais de Itabira, ainda em fase de finalização, mais de 90% dos 900 trabalhadores que responderam às pesquisas coletadas estão a favor da reestatização da Vale e contra a reforma da Previdência. Em Congonhas, nas 200 pesquisas coletadas, 90,5% dos entrevistados se posicionaram pela anulação do leilão e 98% contra a reforma.

Também teve alto percentual a disposição de resgatar a greve como um instrumento legítimo de luta dos trabalhadores nesta campanha salarial. A apuração e a tabulação da pesquisa em outras unidades da Vale continuam, e servirão como uma ferramenta importante para guiar a nossa luta.

Post author Efraim Moura, de Itabira (MG)
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