Esquentam os debates para o II Congresso Nacional da Conlutas e ao Congresso da Classe Trabalhadora, que acontecem de 3 a 6 de junho, em Santos (SP). A Tese “Avançar na unidade para fortalecer as lutas da classe trabalhadora”, que busca expressar o melhor da experiência da construção da Conlutas, vem se fortalecendo a cada assembléia. A defesa da independência diante do Estado, dos patrões e dos governos; uma estratégia e um programa socialista; o resgate do internacionalismo proletário; a manutenção do caráter sindical e popular, com participação dos movimentos classistas de estudantes e de luta contra as opressões, são algumas das posições discutidas.

Outro tema importante é o da democracia operária. Para os defensores da tese, a melhor forma de garantir a democracia é com a Coordenação Nacional de Entidades, de dois em dois meses, como fórum privilegiado de direção da nova organização. Desta forma, a construção da Conlutas-Intersindical, uma nova organização nacional de frente única que pode unificar todas as entidades e movimentos que participam da Coordenação pró-Central, em uma grande vitória.

Neste início de maio, acontecem as últimas assembléias que discutem as teses e elegem os representantes aos congressos – os delegados. As primeiras contaram com uma expressiva presença, demonstrando a força do processo de reorganização.

São José dos Campos e Região (SP)
Metalúrgicos
A força da classe operária

Os metalúrgicos lotaram o salão do sindicato e garantiram uma grande representação. Os 49 nomes foram aprovados por 284 votos, com uma abstenção. Outros 22 metalúrgicos irão como suplentes. A presença nas assembléias da manhã e da tarde superou em 40 o quórum exigido.

Depois de um vídeo, o secretário-geral do sindicato, Luiz Carlos Prates, o Mancha, apresentou a tese “Avançar na unidade”. Pré-candidato ao governo do estado, Mancha destacou a tradição de luta e o papel dos metalúrgicos. “Os metalúrgicos estão à altura dos novos acontecimentos e certamente saberão construir essa nova ferramenta para coordenar as lutas. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José, tão fundamental na construção da Conlutas, também é fundamental agora”, disse.

O sindicato foi um dos primeiros a deixar a CUT. Em 2004, no mesmo salão, centenas de metalúrgicos aprovaram a ruptura e aplaudiram quando o símbolo da CUT foi tapado da placa. Desde então, tem construído a Conlutas e dirigido importantes lutas, como na GM, contra o banco de horas.

O resultado garante uma forte presença operária nos congressos. Fundamental para o perfil e o futuro da nova organização. Para construirmos uma organização classista, operária e socialista.


Fortaleza
Trabalhadores da construção civil
Uma chapa de lutadores

A assembleia foi no dia 28 de abril, com 220 trabalhadores, ultrapassando o mínimo, de 145 pessoas. Ao todo, 29 delegados foram eleitos, sendo que metade não é da diretoria. São delegados de base, ativistas dos canteiros de obra que participaram da campanha salarial. Estes lutadores estiveram à frente das inúmeras paralisações de obras, movendo cerca de 12 mil trabalhadores.

A preparação da assembleia foi feita com debates, com seguidas reuniões nos canteiros. Assim, os delegados já vinham discutindo os temas do congresso. E, agora, seguirão debatendo as teses.

Nessa movimentação, muitos entraram em contato com o Opinião Socialista e foram ao lançamento das candidaturas do PSTU, no dia 30.


BELO HORIZONTE E REGIÃO
Trabalhadores da saúde privada
Trabalho de base e as mulheres na luta

O Sindeess mantem forte presença nos locais de trabalho, com representantes eleitos nos 20 principais hospitais. “O trabalho de base do Sindeess é um exemplo para a Conlutas”, disse Pedro Valadares, da Conlutas. Isso se refletiu na assembleia, no dia 23 de abril, com 200 pessoas.

Muitos saíram do trabalho direto ao local. “Vou para o congresso de reorganização porque escolhi lutar incansavelmente pelos direitos dos trabalhadores da saúde”, afirma Sônia, do hospital São José. A maioria dos trabalhadores é muito explorada: auxiliares e técnicos de enfermagem, higienizadores e auxiliares de limpeza, que recebem até R$ 650 e trabalham em mais de um hospital.

Na ocasião também foi comemorado o aniversário do sindicato. “Ter participado dessa história é um orgulho para mim”, disse Zé Maria, pré-candidato à Presidência, que esteve na assembleia. Zé Maria vivia em Minas nos anos 80, quando os pelegos foram expulsos.

Vanessa Portugal, pré-candidata ao governo de Minas, destacou a presença feminina, de 80% da categoria. “Estamos vendo a força das mulheres, as trabalhadoras da saúde fazendo história na luta pelo socialismo”, anunciou. As trabalhadoras estarão nos congressos. E, antes, no dia 3, em Santos, ocorre o II Encontro de Mulheres da Conlutas, reafirmando e debatendo os próximos passos do Movimento Mulheres em Luta.


Nova Iguaçu e Região (RJ)
Comerciários
A confiança no sindicato de luta

Foi em clima de animação que os comerciários elegeram os delegados. A assembleia tomou conta do terreno ao lado do sindicato, onde fica um estacionamento. Ao todo, 210 comerciários participaram, quase o dobro do necessário para eleger os 24 delegados.

Duas chapas concorreram: uma defendida pela atual diretoria do sindicato,e outra, pela oposição, derrotada na última eleição. A primeira teve 95,6% dos votos da assembleia e a segunda apenas 4,4% dos votos, elegendo 1 dos 24 delegados.

A assembléia explodiu em palavras de ordem. Os trabalhadores também rejeitaram o trabalho aos feriados e a proposta dos patrões, de reajuste de 5%. Foi um momento que a categoria demonstrou grande confiança no sindicato, que vive um novo momento de luta e democracia.

* Com informações de Fábio José (CE), Juliana Silveira (BH), Giovane Pereira (Nova Iguaçu) e do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos

Post author André Freire, de São Paulo (SP)*
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