Os funcionários dos Correios estão em campanha salarial e realizaram assembléias na noite desta quinta-feira, 1º de setembro, em todo o país. Pouco antes das assembléias, a empresa apresentou uma nova proposta, aumentando de 6% para 8% o índice de reajuste. Entretanto, todas as assembléias rejeitaram a nova proposta rebaixada e confirmaram as assembléias marcadas para o dia 13 de setembro e o indicativo de greve para o dia 14. A greve está se construindo contra a vontade das direções governistas, que admitem que ela pode ser a maior das greves da história dos Correios.

Em algumas assembléias também se expressou o descontentamento da base da categoria com a CUT. Quando o presidente da CUT/RJ, Jaime, foi falar na assembléia do Rio, um setor, entre os 1.200 presentes, questionou se ele deveria falar ou não. A direção do sindicato impôs a fala dele. Os ativistas da oposição, ligada à Conlutas, ficaram de costas para ele e um setor da assembléia aderiu ao gesto. Uma outra grande parte vaiou o dirigente cutista durante todo o seu discurso.

Em São Paulo, os dirigentes governistas realizaram uma assembléia relâmpago e burocrática. Um acordo entre o PT e o PCO limitou as falações aos membros do comando que estão participando das negociações. Com isso, os militantes do PSTU não puderam falar. A assembléia durou pouco, e muitos trabalhadores chegavam após o seu término.

Arrocho dos trabalhadores X lucros da empresa
Apesar dos lucros recordes (a empresa teria um lucro líquido anual de R$ 663 milhões), a direção dos Correios oferece 8% de reajuste, o que tem levado mais e mais trabalhadores a enxergarem a greve como única alternativa. A direção do movimento, encabeçada pela Articulação e pelo PCdoB, tenta manobrar uma contraproposta para impedir a greve. No entanto, a proposta da empresa é tão rebaixada que está inviabilizando tal manobra.

Enquanto os trabalhadores amargam esse arrocho, a direção da empresa é acusada de desvio de verbas para o governo e o PT pagarem o “mensalão”. Segundo Ezequiel Filho, militante do PSTU, “a proposta rebaixada, com o apoio do PT e da CUT, quer resguardar os lucros da estatal para continuar irrigando a corrupção do governo Lula e garantir o superávit e o pagamento dos juros aos banqueiros”.