Lourdes Quadros, do PSTU, discursa na assembleia. Abaixo, faixas e cartazes pela educação.
Lene Lobo

Cerca de 10 mil pessoas participaram de assembleia e passeata“Greve, greve, greve!”. O coro tomou conta da Praça do Patriarca, no Centro da capital paulista, na tarde desta quarta-feira, 4, interrompendo a fala da professora Lourdes Quadros, que defendia a continuidade do movimento. “Com essa contraproposta não dá. O governo Kassab não garante o direito de férias, não fez uma proposta real sobre os nosso salários… Temos de continuar parados”, defendeu. A votação foi esmagadora, com mais de 90% dos cerca de 10 mil profissionais a favor da continuidade. Em seguida, os educadores iniciaram uma passeata até a Câmara Municipal, para pressionar os vereadores a aprovar o projeto de lei sobre o reajuste da categoria.

A votação na assembleia reflete o ânimo dos profissionais da educação municipal, parados desde a segunda, 2, em um forte movimento. Ainda que a prefeitura de Gilberto Kassab (PSD) insista em dizer que apenas 10% das escolas estão paralisadas, o sindicato da categoria, o SINPEEM, contabiliza entre 60% a 65% das escolas, de todos os níveis, com algum nível de paralisação. Nesta quarta, segundo professores ligados à CSP-Conlutas, este nível pode ter alcançado até 90% das 1.434 unidades, por conta da assembleia e do ato previstos para hoje.

Entre as reivindicações dos profissionais de educação, há duas exigências fundamentais. Uma delas é sobre o reajuste salarial. No ano passado, repetindo o que foi feito por Alckmin na educação estadual, a prefeitura conseguiu “escalonar” o reajuste da categoria, definindo um índice prévio para os anos seguintes. Os profissionais agora sentem o efeito deste ataque, com os salários corroídos pela inflação, e exigem a antecipação imediata do índice de reajuste previstos para 2013 e 2014. O governo não acenou com isso, oferecendo apenas a antecipação de parcelas de um bônus que seria pago no fim do ano, o PDE. A assembleia não aceitou.

A outra reivindicação é a garantia do recesso de julho e dezembro e das férias coletivas de janeiro de 30 dias aos profissionais de ensino dos Centros de Educação Infantil (CEIs) e demais modalidades de ensino. A Justiça paulista decidiu que as creches e pré-escolas não poderiam ficar fechadas durante as férias e o recesso de julho, atendendo as crianças. Enquanto isso, hoje são mais de 300 mil crianças sem vagas na creche. Os profissionais de educação afirmam que não querem afetar o direito das crianças terem acesso nestes períodos, mas lutam para que a prefeitura não acabe com o seu direito às férias, para cumprir a decisão judicial. “Os governos não se preocupam com a educação. Para eles, as escolas são depósitos de alunos. Por isso que o país só investe 4,5% do PIB em educação, quando seriam necessários ao menos 10%, imediatamente. Nossa greve é pela qualidade de ensino”, afirma Lourdes Quadros.

Em São Paulo, os educadores aprovaram ainda um calendário de luta até a próxima assembleia, marcada para a terça-feira, 10, na Praça do Patriarca. Nesta quinta, eles retornam às escolas, para conversas e reuniões com a comunidade escolar, explicando os motivos do movimento. E, nos próximos dias, realizam atos públicos nas regiões e bairros da capital.

Além de São Paulo, o Distrito Federal e outras quatro capitais têm a rede municipal paralisada neste momento: Teresina, Belo Horizonte, São Luis e Natal. Além de diversas cidades, como Santa Rita, na Paraíba.

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