Reunidos em assembléia no último dia 9, os trabalhadores da Revap (refinaria da Petrobras no Vale do Paraíba, em São Paulo) aprovaram, por unanimidade, continuar a greve. Na semana anterior, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas havia determinado que parte das reivindicações fossem atendidas pelas empresas. O tribunal concedeu, entre outros benefícios, 10% de reajuste salarial, PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de R$ 1.500, melhoria no percentual de horas extras, abono da terça-feira de Carnaval, estabilidade de 90 dias e reembolso de passagem a cada 120 dias para trabalhadores que moram a mais de 200 km.

No entanto, o TRT considerou a greve abusiva e determinou o retorno imediato ao trabalho, fixando uma multa diária de R$ 5.000. Mas os trabalhadores decidiram manter a greve e só voltam ao trabalho após garantia de pagamento integral dos dias parados e ajuda de custo de R$ 200. O tribunal determinou que a reposição dos dias fosse negociada entre as partes. Mas até agora nenhuma empresa reabriu as negociações para discutir o item.

Continuar na luta
Era visível a insatisfação dos trabalhadores com a decisão da Justiça. Um forte sentimento de indignação tomou conta da categoria. O operário Márcio, 22 anos, disse: “Eu sou peão do trecho, igual a muitos aí. Já fiz três greves. Se a Justiça não der o que queremos, nós vamos segurar a greve. Ninguém volta a trabalhar”.
A decisão da assembléia de manter a greve é mais uma clara demonstração de unidade e disposição de luta dos trabalhadores. Eles estão decididos a não ceder às pressões dos patrões.

CUT mostra sua cara
Também no dia 9, o site da CUT publicava uma nota atacando a Conlutas e o PSTU. O texto afirma que a decisão da greve foi “irresponsável” e defende sua imediata suspensão e a volta ao trabalho.

A nota mostra o desespero da central depois que os trabalhadores foram para cima e realizaram uma rebelião contra o Sintricom, filiado à CUT. O sindicato realizava negociações com os patrões, sem informar os trabalhadores sobre o que estava realmente acontecendo. Além disso, fez de tudo para que não acontecesse a greve. Não deu certo.

Mesmo depois que estourou a greve, o sindicato quase nada fez para ajudar. Não é à toa que os trabalhadores chamam a CUT de traidora durante as assembléias.
Os trabalhadores devem ficar atentos às manobras da CUT e da patronal. Neste momento, aumentam as ameaças de repressão aos trabalhadores. No dia 9, um consórcio de 11 empreiteiras terceirizadas da refinaria publicou na imprensa um informe que diz que a greve foi considerada abusiva e ameaça os trabalhadores para que voltem ao trabalho.

*Com informações do Sindicato dos Metalúrgicos e de Félix Mann, de São José dos Campos (SP)

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