Operários vão parar na segunda, dia 26 de abril. Após nove rodadas de negociação, patrões seguem oferecendo 5% de reajuste.Mais de dois mil operários lotaram a última assembléia dos trabalhadores da construção civil, nesta quarta, dia 14 de abril. Ônibus fretados pelo sindicato trouxeram trabalhadores de diversos canteiros de obra da cidade, aos quais se somaram outros que vieram em carros, motos e os muitos que vieram a pé ou de bicicleta. Entre os presentes, veteranos das tantas greves promovidas pela categoria nos últimos 22 anos se somaram a muitos rostos novos. Jovens operários que mal começaram a trabalhar nas obras e já se vêem participando das decisões de seu sindicato, lutando por seus direitos.

Era grande o clima de ansiedade entre os trabalhadores. Foram nove rodadas de negociação desde fevereiro e o máximo que a patronal apresentou até então é um reajuste de 5%. Mas enquanto os empresários enrolavam nas negociações, paralisações de duas horas paravam os canteiros de regiões da cidade, realizando passeatas com até 4 mil trabalhadores.

Diante do crescimento do setor e inclusive da escassez de mão de obra, a categoria vem fazendo uma campanha salarial baseada não somente no reajuste salarial ou na luta contra a retirada de direitos, mas na necessidade de conquista de novas cláusulas, sendo a principal delas a cesta básica. Essa reivindicação é motivada ainda pelos impactos da crise econômica no preço dos alimentos, com a alta de produtos básicos como feijão, carne e leite. As mobilizações massivas e radicalizadas que antecedem e preparam a greve indicam o sentimento de que salário só não basta, os trabalhadores querem mais.

Na abertura da assembleia, representantes de outras categorias saudaram a assembleia, prometendo solidariedade e apoio. Desta forma, a greve da construção civil pode atingir proporções maiores, conseguindo força no apoio de outros trabalhadores e da população. Representando a Conlutas, falou a companheira Maria de Santana Costa, do Sindicato da Confecção Feminina. O rodoviário Lucena falou em nome dos rodoviários. Desde março deste ano que o sindicato da categoria faz parte da Conlutas. A categoria nas urnas derrotou a CUT e a CTB, que haviam traído a greve de 2008. A assembleia também expressou a reorganização que ocorre no movimento sindical e popular e a preparação ao congresso de unificação, em falas como a da Intersindical, representada pelo companheiro Aílton Lopes, da Oposição Bancária.

Os representantes do PSTU e do PCB, partidos de esquerda que constroem a mobilização de forma permanente, também saudaram a luta da categoria.

Apresentada a situação da campanha e realizado o debate, uma votação unânime marcou para o próxima dia 26 de abril o início da greve. O PSTU saúda a decisão da categoria em enfrentar a patronal e se coloca à inteira disposição dos lutadores da construção civil para ajudar a garantir uma greve vitoriosa.

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  • Leia a reportagem ‘Greve do Peão: quando os operários se levantam’, publicada em maio de 2008, no Opinião Socialista