As massas egípcias não devem colocar o destino da sua revolução nas mãos do exército. Devem confiar nas suas próprias forçasA ditadura matou e torturou milhares de opositores. Nos 18 dias de mobilizações, 300 manifestantes perderam a vida. Para romper de vez com a era Mubarak, é preciso dissolver os aparatos repressivos que mantiveram pelo terror 30 anos de ditadura e punir os responsáveis pelas prisões, torturas e mortes. Pela dissolução de todos os aparelhos repressivos!

É necessário também continuar a mobilização para garantir imediatamente a libertação de todos os presos políticos e totais liberdades de associação sindical, de organização partidária e imprensa.

Sabemos que há uma divisão de classe nas fileiras do exército. A confraternização e a incapacidade dos soldados e da oficialidade média para reprimir as mobilizações são expressão disso. É necessário que os soldados e a oficialidade média tenham as mais amplas liberdades democráticas para se organizar de forma independente, e se juntar às reivindicações e anseios da classe trabalhadora egípcia.

O exército anunciou a dissolução do parlamento fraudulento e a suspensão temporária da constituição do regime. Mas, para acabar com o regime, não basta fazer reformas parciais na constituição, como estão propondo o novo governo e a oposição burguesa! Pela convocatória de uma assembleia constituinte soberana com plenos poderes, sem ninguém que tenha sido parte dos organismos do regime de Mubarak! Assembleia constituinte para romper os acordos com o imperialismo, expropriar os bens de Mubarak e do conjunto do antigo regime, e construir um Egito socialista a serviço dos trabalhadores e do povo!

A opressão do povo egípcio não se resume à ditadura. Está baseada na exploração e no desemprego, que condenam à fome e à miséria a maioria da população. A revolução não coloca em causa somente o atual regime, mas afeta diretamente o imperialismo dominante, sendo objetivamente uma revolução operária e socialista.

Para uma ruptura de fundo com o antigo regime, por isso, é fundamental romper os pactos militares e políticos com o imperialismo e Israel. Fora o imperialismo do Egito! Pela imediata e plena abertura da fronteira com a Faixa de Gaza!

Por um aumento imediato e geral dos salários que corresponda ao custo da cesta básica! Por um plano econômico de emergência e a redução imediata da jornada de trabalho sem redução de salário de forma a garantir trabalho para todos! Pela expropriação das grandes empresas nacionais e multinacionais e do sistema financeiro!

Revolução deve avançar
A condição indispensável para cumprir os anseios das massas de construir um novo Egito, é que as mobilizações independentes continuem. Foram as mobilizações das massas, e não o exército, que derrubaram Mubarak.

Por isso, as massas não devem colocar o destino da sua revolução nas mãos do exército. Devem confiar nas suas próprias forças.

A juventude, que cumpriu um papel extraordinário na vanguarda dessa mobilização e mostrou heroísmo ao permanecer na praça, deve continuar organizada e exigir as conquistas. A classe trabalhadora, além de estar no centro do combate contra Mubarak, já mostrou que pode parar o país.

A partir da vitória dos que ocuparam e mantiveram a Praça Tahir, está colocada a necessidade de continuar e impulsionar a mobilização e organização independente dos trabalhadores e jovens. É preciso chamar um encontro urgente dos trabalhadores e do povo que discuta um programa a serviço das massas, oposto ao da cúpula militar e ao da oposição burguesa, e tome o poder em suas mãos para colocá-lo em prática.

Ampliar a revolução árave
Depois da Tunísia, a revolução árabe teve um grande triunfo com a derrubada de Mubarak. Vamos estendê-la a toda a região! Pela derrubada das demais ditaduras e monarquias reacionárias do mundo árabe e do Oriente Médio!

Mubarak foi um apoio para a ordem imposta pelo imperialismo na região, cujo centro é o Estado de Israel. A revolução árabe não será triunfante enquanto o povo palestino estiver sob o domínio de Israel. Todo apoio ao povo palestino! Pela destruição do Estado de Israel!

Esse processo revolucionário tem também como desafio enfrentar os regimes ditatoriais teocráticos, como o do Irã, que reprimiu as mobilizações em 2009, e que mantém a exploração do seu povo, apesar dos choques eventuais com o imperialismo.
A revolução na região coloca na ordem do dia recuperar a unidade da nação árabe na perspectiva de construir uma grande Federação das Repúblicas Socialistas Árabes!
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