Wagner Damasceno, de Florianópolis (SC)

Michel Temer é, hoje, o inimigo número um do povo negro. Afinal, se cada um de seus ataques causa grande estrago para a classe trabalhadora em geral, esses mesmos ataques são devastadores para o povo negro, que são a maioria dos trabalhadores do país.

No capitalismo, o racismo sempre esteve a serviço do lucro dos patrões. Por isso, no Brasil, os negros recebem os salários mais baixos, estão nos piores empregos e moram nos piores lugares, sem acesso à saúde, à educação e ao lazer de qualidade.

Porém Temer não age sozinho. Além de ter atrás de si os grandes empresários, opera com um Congresso de bandidos, exploradores da fé e latifundiários, uma verdadeira casa grande moderna.

Não é à toa que Temer foi absolvido na Câmara dos Deputados da segunda denúncia contra ele. Para isso, já gastou cerca de R$ 12 bilhões para comprar votos de deputados a seu favor. Além disso, presenteou os grandes empresários e os latifundiários com uma portaria, editada pelo ministro do Trabalho, que impede a fiscalização de trabalho escravo no país.

Reformas terão mais impacto no povo negro

No dia 11 de novembro, entrou em vigor a reforma trabalhista, encomendada pelos patrões e aprovada pelo Congresso de corruptos. Essa reforma acaba com a legislação trabalhista vai aumentar ainda mais a precariedade do trabalho.

A crise no Brasil registrou um aumento do desemprego entre os trabalhadores negros, da precarização e da violência. Isso significa que a fatura da crise tem recaído sobre os ombros do nosso povo. Além disso, como concluiu estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), as trabalhadoras negras são as mais penalizadas com uma dupla discriminação: de gênero e de raça.

Além de serem mais atingidas pelo desemprego, as trabalhadoras negras recebem os piores salários. Na cidade de São Paulo, por exemplo, uma trabalhadora negra recebe em média R$ 1.389, enquanto um homem branco recebe R$ 2.411, e uma mulher branca, R$ 2.037.

A reforma trabalhista aumentará a jornada de trabalho no país, que poderá ser de 12 horas por dia, com limite de 48 horas semanais. Reduzirá o intervalo de almoço para 30 minutos, permitirá o parcelamento dos 30 dias de férias em até três vezes, dentre outras coisas. Tudo isso orquestrado por um punhado de políticos e empresários que vive no luxo e na riqueza e quer manter suas mordomias e lucros.

Essa reforma permite que o negociado com o patrão prevaleça sobre o que está na lei. Isto é, vai dar carta branca para os patrões chantagearem e assediarem os trabalhadores, rasgando de vez as leis trabalhistas.

Como se isso não fosse suficiente, Temer quer aprovar a reforma da Previdência até o final do ano. Caso seja aprovada, a idade mínima para se aposentar passará a ser de 65 anos! Pior: na prática, ninguém se aposentará antes dos 70 anos nem terá mais aposentadoria integral.

Resumindo: querem nos fazer trabalhar mais, com menores salários, em piores condições e, agora, sem sequer direito à aposentadoria. Para nós, negros, é impossível não lembrar da escravidão, já que começamos a trabalhar mais cedo do que os não negros e somos os últimos a parar de trabalhar no país.

MARCHA DA PERIFERIA
Um Novembro Negro para aquilombar o Brasil

Apesar de balançar, Temer ainda não caiu. Não é só porque conta com aliados dentro da casa grande, mas porque conta com o apoio de traidores da nossa classe e da nossa raça. Lula e o PT foram categóricos: são contra o “Fora Temer” e costuram um grande acordo para salvar a pele de todos os bandidos. Com isso, o PT e seus satélites – MST, MTST e PSOL – só pensam nas eleições de 2018, colaborando para enterrar as lutas do presente.

Contra os ataques da casa grande, só há uma saída: aquilombar as lutas! Não existe acordo nenhum com quem nos ataca hoje e com quem massacrou por 14 anos nosso povo. Por isso, vamos construir um Novembro Negro. No dia 20, data da morte de Zumbi dos Palmares, vamos realizar a Marcha das Periferias em várias cidades brasileiras.

É hora de unificar as lutas para derrotar as reformas racistas e construir uma alternativa dos de baixo para derrotar os de cima. É hora de lembrar Palmares, Zumbi e Dandara e reunir os explorados e oprimidos para derrotar a burguesia e seu governo.

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