Algumas das principais greves, ocupações e lutas que ocorreram no Brasil no último período estão representadas no 2° Congresso da CSP-Conlutas, com a presença de expressivas delegações de trabalhadores e trabalhadoras que viveram essas mobilizações. A do Paraná é uma delas.

 

Do estado que vive uma das mais fortes mobilizações em curso no país, vieram ao 2° Congresso da CSP-Conlutas dezenas de professores e servidores públicos. São companheiros e companheiras que vivem um rico processo de luta contra os ataques e a repressão do governo Beto Richa (PSDB).

 

Desde o início do ano, o governo do Paraná tenta implementar um forte ajuste fiscal, que inclui ataques à educação pública e à Previdência, entre outros. Em fevereiro, os servidores ficaram um mês parados.  O governo tucano foi obrigado a recuar após uma manifestação de mais de 50 mil servidores. O prédio da Assembleia Legislativa chegou a ser ocupado por duas vezes. Na segunda vez, foi ocupado por mais de 1.500 manifestantes e os deputados tiveram de fugir dentro de um camburão da polícia.

 

No dia 29 de abril, à custa de um aparato de guerra que cercou a Assembleia Legislativa e impediu a entrada dos manifestantes, o governo conseguiu aprovar mudanças na Previdência. Mas, o desgaste e a crise política não cessaram e a luta da categoria se fortaleceu. Desde então, a força do movimento já derrubou o comandante geral da PM, o secretário da educação, o secretário de segurança, o procurador geral do estado e até o presidente estadual do PSDB (que chamou publicamente uma professora de “biscate”).

 

Rafaelin Poli é professora em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, e afirma que a luta no estado é um grande enfrentamento contra as políticas neoliberais. “A classe trabalhadora está sofrendo ataques de todos os lados e a população está insatisfeita com a piora na qualidade, com o sucateamento nos serviços públicos”, opina.

 

Nossa luta já fez com que várias pessoas do governo caíssem. Secretários de governo e outros, mas queremos Beto Richa, o governador que age como uma fascista”, disse.

 

Ainda de acordo com Rafaelin, a luta no estado é contra os ataques e a repressão do governo, mas também contra a burocracia sindical que, à frente dos sindicatos, dificultam o avanço da categoria.

 

Aqui no Congresso da CSP-Conlutas, com várias outras categorias que também estão em luta, vemos a possibilidade de unificar a lutas, a união da esquerda, e a construção de um amplo movimento pela greve geral no país. Sabemos que não é fácil, mas é possível”, disse.

 

Carla Cobalquini, servidora técnica da Universidade Federal do Paraná, outra categoria que entrou em greve nacional a partir do dia 29 de abril e engrossou a mobilização no estado, destacou a grande solidariedade e apoio que a luta contra os ataques do governo conquistou junto à população.

 

Desde a greve de fevereiro, a base dos servidores federais reivindicou que estivéssemos juntos aos professores em greve, em todos os atos, marchas, no 1° de maio após o massacre aos professores, nos acampamentos. É um apoio massivo. As pessoas compreenderam que o que está em jogo é uma luta para garantir uma educação e serviços públicos de qualidade”, disse.

 

Mário Montanha, funcionário do Tribunal de Justiça do Paraná, também em greve, afirmou que a crise no estado é grave. “As pautas específicas e econômicas foram extrapoladas. Em qualquer grupo de pessoas se fala em Fora Beto Richa”, disse.

 

Segundo Montanha, a base do judiciário estava preparada para uma greve um ano atrás. “Mas a burocracia cutista sufocou a mobilização e esse ano a pressão da base é que levou à atual paralisação”, contou. “Neste congresso da CSP-Conlutas vemos que aqui é a expressão de uma nova organização dos trabalhadores. Diferente do que existe, uma alternativa para fortalecer as lutas dos trabalhadores”, opinou.

 

Para Rodrigo Tomazzini, funcionário de escola e integrante do Comando Estadual de Greve pela Oposição, a greve dos professores estaduais e a brutal repressão desencadeada pelo governo tucano mudaram a situação política no estado.

 

Cerca de 90% das categorias de trabalhadores estaduais, entre professores, servidores, trabalhadores do judiciário, da saúde, agentes penitenciários, chegaram a ficar em greve simultaneamente em determinado momento, configurando praticamente uma greve geral no estado”, contou.

 

Foram formados comitês Fora Beto Richa e, ao que tudo indica, mesmo que a greve acabe, esse movimento continuará. Já há comitês em Curitiba, Piraquara, Pinhais, Londrina, Maringá e Cascavel. Na população, a rejeição a Richa é de 92%. Está colocada a possibilidade de um grande movimento político para derrubar esse governo”, afirmou.

 

Aqui no Congresso, nossa delegação vem trazer uma rica experiência de resistência dos últimos meses, em que se concretizou uma unificação dos servidores. Mas esses mesmos ativistas estão muito empolgados com a representatividade do Congresso e a possibilidade da construção de uma greve geral no país, pois os ataques do PSDB são os mesmo do PT”, disse Tomazzini.