II Congresso da ANEL é a alternativa para unificar as lutas da juventude.

Em todo canto do planeta, a juventude tem ido às ruas lutar. Uma nova geração volta a sonhar com outro mundo, inovando seus métodos de luta com irreverência e ousadia. São parte de um fenômeno mundial de reorganização do movimento, que se expressa com força na Europa e países árabes. Sua luta foge ao controle dos governos e ditaduras, que no aprofundar da crise econômica seguem retirando direitos e precisam cooptar o movimento. A juventude indignada e os rebeldes da “Primavera Árabe”, porém, não serão facilmente adestrados e atropelam os aparatos tradicionais. Assim como se lê num cartaz na Praça “Puerta Del Sol”, em Madrid, é a geração “sem educação, sem trabalho, sem moradia e sem medo”. Sua disposição é superar o velho mundo.
Nesse processo, novos instrumentos estão surgindo. O movimento estudantil se fortalece e se reorganiza. No Chile e no Canadá, estudantes param o país em greves da educação e constroem novas ferramentas de luta como o “Classe” canadense. O movimento estudantil volta a ocupar seu lugar na história e ser parte ativa, junto com os trabalhadores, da construção do futuro.  
                                                                                                           
As lutas se encontram no congresso da ANEL
 No Brasil, desde 2009, a Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre! (ANEL), cumpre o papel de construir um novo movimento estudantil. A fundação da entidade é expressão do processo de reorganização, quando a UNE abandonou as ruas para entrar nos gabinetes, servindo de “ministério estudantil” do governo do PT. As lutas da juventude, desde então se constroem por fora e apesar da UNE. Quase quatro anos se passaram mostrando a importância de existir uma alternativa de organização a nível nacional para os estudantes, que resgate a independência, a democracia, a aliança com os trabalhadores deixada para trás pela UNE. Já é um fato, hoje, que existem duas entidades do movimento estudantil brasileiro: a velha UNE e a ANEL. A Juventude do PSTU, desde o início, apostou em sua construção.
Nos dias 30 de maio a 2 de junho, será realizado o II Congresso Nacional da ANEL, em Juiz de Fora (MG). Desde o processo da sua construção até uma programação repleta de debates vivos e atividades culturais, será uma excelente oportunidade de unificar milhares de estudantes para se preparar para os desafios que virão. Vivemos um momento muito rico em nosso país. A juventude, sensibilizada pelas inúmeras injustiças sociais, se organiza pela internet e vai às ruas lutar por um país diferente. Seja em apoio à resistência dos Guarani-Kaiowá, dos operários e comunidade ribeirinha de Belo Monte, dos moradores do Pinheirinho; seja contra as remoções e arbitrariedades da Copa e das Olimpíadas; seja pra tirar Renan Calheiros do Senado; pra não deixar aumentar as passagens de ônibus; contra a violência e a opressão às mulheres, negros e LGBTs, o Congresso da ANEL será o lugar onde todas essas lutas se encontrarão.
               
Luta pela educação pública
Em 2012, vivemos a maior greve da educação da última década, que entrou para a história do movimento estudantil. Aliados aos professores universitários, funcionários e demais servidores federais, os estudantes entraram em greve denunciando a situação de precarização das universidades federais, após cinco anos de REUNI, e exigindo melhorias. O governo Dilma vem implementando um modelo de educação que, por um lado, busca baratear os gastos transformando as universidades em “escolões de 3º grau” e, por outro, volta a produção de conhecimento a serviço do mercado, com projetos financiados por empresas, fundações de apoio e a implementação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares para privatizar os Hospitais Universitários. O Congresso da ANEL irá retomar as pautas da greve e avançar na lutar por 10% do PIB já para construir outro projeto de educação.
 
O lugar dos lutadores
Se havia quem tivesse dúvidas sobre a necessidade de organizar nacionalmente os estudantes de forma independente, a greve provou que é possível. Impulsionado pela ANEL, foi formado o Comando Nacional de Greve Estudantil (CNGE), que durante aquele período foi direção incontestável do movimento estudantil, reunindo as principais lideranças de cada universidade votadas nas assembleias de base, com funcionamento permanente em Brasília. O CNGE levou a frente a Pauta Unificada Nacional de reivindicações, negociou com o governo e se articulou com ANDES, SINASEFE, FASUBRA. E, acima de tudo, provou a necessidade de haver um instrumento que unifique o movimento estudantil independente do governo federal. Mais do que isso! Mostrou que é possível ter uma entidade superior à UNE.
Se foi a ANEL que impulsionou a construção do CNGE, foi também a entidade que cristalizou seus aprendizados, programa e concepção de movimento estudantil. A ANEL está impulsionando a construção da Jornada de Lutas de abril para que em cada universidade e escola o movimento estudantil se organize e lute por suas reivindicações específicas e nacionalmente na Marcha em Brasília do dia 24. Exigiremos do Ministério da Educação que reabra a negociação da Pauta do CNGE com a ANEL e demais entidades estudantis.
Diante desta realidade, chamamos os companheiros da juventude do PSOL, que impulsionam coletivos para disputar a UNE, a fazer uma reflexão. Se estiveram conosco na construção do CNGE e viram a necessidade de uma entidade alternativa à UNE; se sua participação nos fóruns da UNE estão limitados pela burocratização e governismo, só servindo para legitimar as traições da velha entidade; se estarão em unidade conosco nas universidades e escolas, na construção da Jornada de Lutas em abril, na defesa dia a dia de uma educação pública, gratuita e de qualidade; o lugar de vocês é no II Congresso da ANEL.
 
Milhares de delegados serão eleitos em todo o país
De norte a sul, a ANEL começa a eleger os delegados para participar do II Congresso. Serão três meses de muitos debates, assembleias, votações, venda de rifas e campanhas financeiras, até a vinda dos ônibus de cada canto do país para Juiz de Fora. Chegou a hora de colocar a mão na massa e construir a história! Vamos em frente, lutando ao lado da juventude indignada de todo o mundo, defender nosso direito ao futuro.
 

Post author Clara Saraiva, da Secretaria Nacional de Juventude do PSTU
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