Passeata dos bancários em São Paulo
Diego Cruz

Sem pedir permissão ao PT, à CUT ou às direções dos sindicatos, os bancários e outros setores dos trabalhadores entraram em greve.

A resposta não demorou: a grande imprensa faz campanha contra as greves, sempre mostrando os problemas que trazem aos usuários dos serviços paralisados. O governo Lula foi cúmplice da repressão à greve bancária, apoiando-se na ação jurídica dos banqueiros e na polícia. A OAB promoveu um ato reacionário em São Paulo contra a greve do Judiciário.

Tudo isso tem uma explicação: as greves se chocam diretamente com o plano econômico do PT, que é o mesmo do PSDB-PFL. Esses partidos estão do outro lado da trincheira, junto com os banqueiros. Os aumentos salariais se chocam com a essência dos planos neoliberais. Não é por acaso que todos os outros partidos não apóiam as greves em seus programas eleitorais.

O governo Lula deu outro presente aos banqueiros, além da elevação da taxa de juros: no último dia 20, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, anunciou mais um aperto fiscal ao elevar a meta de superávit primário de 4,25% do Produto Interno Bruto, definidos em acordo com o FMI, para 4,50%.

Isso significa que o governo vai tirar da saúde, da educação e da reforma agrária, até o fim do ano, mais de R$ 75,8 bilhões – o acordo original com o Fundo previa R$ 71,5 bilhões. Motivo para muita comemoração entre os tubarões do sistema financeiro, que, talvez, nunca tenham imaginado contar com um governo tão subserviente aos seus interesses. É importante lembrar que já no início de sua administração, o governo do PT elevou a meta de superávit primário de 3,75% para 4,25%.

Lula discursou na abertura da Assembléia Geral da ONU, pregando a “guerra contra a fome”, enquanto seu governo aumenta o superávit primário e reprime a greve bancária. Não pode permitir aumentos salariais (o que seria central para acabar com a fome), e nem mesmo os programas assistencialistas do governo, como o Fome Zero, são poupados. Tudo para garantir o superávit.

É necessário construir outra referência de esquerda nas lutas e nas eleições. Um partido vem se destacando na contra-corrente de todos os outros: o PSTU não só apóia as greves, como tem entre seus quadros vários dirigentes das mesmas. O pouco tempo de TV da campanha eleitoral do partido foi direcionado para o apoio às greves, incluindo a cessão do tempo para um informe do comando da greve do Judiciário de São Paulo, a convocatória de assembléias dos bancários, a denúncia da repressão.

Não é por acaso que o PSTU está sendo hoje conhecido como o “Partido das Lutas”, tomando o lugar que foi do PT no passado. Apoie as greves dos trabalhadores. E apoie o partido das lutas, o PSTU, nas eleições do dia 4 outubro.
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