esemprego nos patamares de 1999. Salários totalmente arrochados e perdas reais de mais de 20% no poder aquisitivo dos assalariados. Juros nas alturas e a economia quase parando. Denúncias de corrupção e briga na famíla governista. Indignação crescente nos debaixo e guinada da maioria (incluindo a classe média) para a oposição. Movimentos especulativos dos “investidores” fazendo o dólar disparar. O candidato governista patinando pra baixo.

Tudo isso tem tirado o sono do governo e da classe dominante, que temem não apenas perder as próximas eleições, como também perder o controle sobre o equilíbrio precário em que estão mantendo a economia do país e, por tabela, temem que a crise evolua para o descontrole e produza uma Sarneyzação no que resta do mandato de FHC.

É nesse contexto, que o governo aprovou a toque de caixa a CPMF, cortou verbas do orçamento e manteve os juros nas alturas, tentando segurar a saída de dólares do país e garantir para os agiotas que por enquanto tem como seguir pagando a dívida externa e interna. É também nesse contexto de crise que está tentando alavancar seu candidato com uma tática arriscada.

Descobriram que a maioria está descontente; mas que também teme que o Brasil quebre como a vizinha Argentina. Daí que FHC saiu dizendo que o Brasil corre o risco de virar uma Argentina, se o próximo Presidente não for “competente” . Ou seja, para não deixar o Brasil virar a Argentina, vote Serra, disse FHC.

Qual é o problema? O problema é que o Brasil será mesmo a Argentina amanhã, independente de quem vença as próximas eleições, já que dos candidatos com chances de vitória nenhum se propõe a mudar o modelo argentino que vem sendo aplicado aqui.

Um país com o passivo externo que tem o Brasil, precisando que entre de 50 a 60 bilhões de dólares por ano no país para fechar as contas, qualquer movimento mais sério, seja de saída de dólares, seja de diminuição de entrada de capitais, e…bum! – é morte súbita, como disse um dia desses o economista da ditadura, Delfim Neto.

FHC, ao dizer que o Brasil corre o risco de virar a Argentina (o que é verdade, ainda que não pelas razões que ele diz), ao contrário de tirar pontos de Lula, o que pode acontecer é que suas declarações acabem antecipando o inevitável.

Apoiar as lutas

Enquanto isso, – apesar e contra o PT e a maioria da CUT – uma série de setores, sobretudo do funcionalismo federal, estadual e municipal estão entrando em luta.

É preciso estender, unificar e cercar de solidariedade estas lutas. Ainda mais porque o PT – no seu afã de defender essa “estabilidade” que está aí – não apenas não faz nada pelas lutas, como está se enfrentando diretamente com o funcionalismo estadual ou municipal onde é governo.

Para não dar “calote”na dívida com os banqueiros e mostrar-se zeloso na defesa da Lei de Responsabilidade Fiscal do FMI, os governos do PT não têm tido o menor pudor de dar calote nos trabalhadores, como fez Benedita da Silva com os professores do Rio; ou mesmo jogar a polícia contra piquetes e assembléias, como a Prefeitura de Campinas e de Belém estão fazendo. E a CUT, como a do Rio – pasmem! – sai em socorro do governo e se nega a apoiar a luta dos trabalhadores.

No entanto, só a luta muda a vida e só os trabalhadores na rua – como estão fazendo os argentinos – podem mudar de verdade esse país.

A ALCA e o PT

A campanha contra a ALCA avança. Milhares e milhares de ativistas em todo o país se reuniram nos cursos de formadores e agora é partir para a formação de comitês pra todo lado: nas escolas, universidades, fábricas, bairros, comunidades, acampamentos de sem-terra, sindicatos, paróquias…

Massificar essa campanha e construir um grande plebiscito em setembro é a principal tarefa daqueles que querem mudar o Brasil de verdade.

Na primeira semana de junho, haverá a Plenária Nacional da campanha e este será um momento decisivo, porque a Plenária definirá as perguntas do Plebiscito.

E é preocupante a postura de Lula e da direção do PT em todos os sentidos. Primeiro, no programa de Lula a postura acerca da ALCA é no mínimo dúbia, já que em nenhum momento fala em romper com as negociações de carta marcada que preparam a ALCA. Depois, Lula dias atrás declarou à imprensa que não era contra a ALCA, porque “ser contra a ALCA significaria ser contra o livre comércio”. Agora, Sérgio Campos – da direção do PT – em longo artigo-entrevista ao jornal Folha de São Paulo do dia 25 de maio, declarou que o PT irá impor como pergunta do plebiscito, a seguinte formulação: “Você é a favor da ALCA da forma como ela está?”. Ou seja, o PT quer que milhares construam um plebiscito para ao fim e ao cabo dizerem que querem a ALCA, só não querem como ela está hoje. Até FHC poderia construir um plebiscito com esse tipo de pergunta e responder: como a ALCA está não aceito, agora se os EUA abrirem uma brechinha do seu mercado para nosso suco de laranja a gente topa entregar o resto do Brasil.

Se a direção do PT não sabe se está de verdade contra a ALCA, os que estão no plebiscito sabem que estão.

Esquerda pra valer!

Cada vez mais se reafirma a utilidade da candidatura de Zé Maria, para que nas eleições exista uma voz anti-imperialista, anticapitalista e socialista