Redação

Jorge Breogan e Vicente S., do Coletivo de Artistas Socialistas (CAS)

Com a pandemia, as lives e divulgações pela internet crescem e tomam proporções novas. Essa situação pode ser interpretada por muitos com uma abertura democrática na propagação de conteúdo. Mas aí novamente o capitalismo mostra que nada pode ser democrático dentro desse sistema.

A relação do capitalismo com a cultura sempre foi transformar a realização dos artistas que deveria ser livre em meros produtos do capital que podem ser comercializados e seguir conduções especificas e impostas.

Nas lives, essa relação também se expressa. De um lado, estão os que buscam realizar um trabalho livre, expressar sua arte e tentar obter alguma renda para seu sustento e de sua família. Porém encontram a falta de acesso tecnológico para realização e conseguem muito pouco com essa “nova ferramenta” da apresentação artística.

Do outro lado, vemos grandes empresários que aproveitam esse momento para lavar sua cara, organizando essas lives e ainda para fazer campanha de publicidade humanitária. Uma mentira descarada que só mostra o quão repugnante é esse sistema e a relação entre as grandes empresas e o povo.

Basta ver como é a realidade dos trabalhadores nas fábricas da Ambev, no Magazine Luiza, entre outras empresas que patrocinam esse tipo de live. São empresas que durante a pandemia, obrigam os trabalhadores a seguir trabalhando e expondo-se ao risco de morte. Ou seja, eles estão levantando fundos para bancar o próprio massacre que fazem com os trabalhadores das próprias empresas? Estão pedindo que nós salvemos os assassinatos gerados por eles?

Cada um tem o direito de realizar ou consumir o que bem entenda dentro da cultura. Como dizia Trotsky, “toda liberdade a arte”, mas toda liberdade significa não estar sob o jugo de empresários. Isso não é liberdade, isso é controle e compra de interesses. A arte não tem nada a ver com isso.

Nós do CAS defendemos uma arte livre e soberana. Para isso, só existe uma maneira: derrubar o capitalismo e construir uma nova sociedade na qual os artistas possam ter autonomia para criar e desenvolver seu trabalho de forma livre, sem interesses específicos de um ou outro capitalista.