Nas últimas greves, mais uma vez se mostrou o problema dramático da direção das mobilizações. Como a CUT se transformou num braço do governo, seus dirigentes tentam a todo custo evitar as greves. Quando não conseguem, buscam acordos rebaixados com a patronal e impedem que as lutas se choquem com o governo, como foi o caso dos trabalhadores dos Correios.

Por outro lado, a experiência dos trabalhadores com essas direções e com o governo levou a uma ruptura massiva na base dos setores organizados. Isso cria uma oportunidade muito importante para a construção de alternativas a essas direções.

A experiência em bancários
A última greve nacional dos bancários esteve em todos os seus momentos atravessada pela questão da direção. A experiência da greve de 30 dias do ano passado, contra a direção dos principais sindicatos do país (ligados à CUT), levou os bancários a desconfiarem da possibilidade de conquistar qualquer coisa com essa direção. Esse foi, sem dúvida, um elemento para enfraquecer a greve. O acordo firmado é uma demonstração de como a desconfiança dos bancários é correta. Um reajuste de 6% dos salários, enquanto os banqueiros lucraram, só em 2005, 52% a mais do que em 2004.

No final da mobilização, ficou para os bancários a certeza de que o reajuste conquistado poderia ter sido muito maior, se houvesse outra direção. O reforço do Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB), que apóia a Conlutas, é a principal conclusão da greve bancária. Essa conclusão tem uma particular importância no Rio de Janeiro, onde se realizará a eleição do sindicato em abril de 2006.

Traições no funcionalismo
No funcionalismo público federal, as direções ligadas ao governo evitaram a unificação das categorias, levando à derrota as greves da Previdência e IBGE. Agora, a greve do funcionalismo federal da educação (Andes, Fasubra, Sinasefe) se enfrenta com a direção governista da Fasubra (o agrupamento Tribo), que tenta de todas as formas levar a greve à derrota.

Não é por acaso que no funcionalismo crescem a ruptura com a CUT e a adesão à Conlutas. Durante a greve, a associação dos funcionários da Universidade Rural do Pará rompeu com a CUT e aderiu à Conlutas. O Sinasefe realizou seu congresso nacional, no qual a chapa que apóia a Conlutas passou de 43% dos votos no congresso anterior, para 65% agora.

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