O fator mais débil da insurreição é a ausência de uma direção revolucionária. O movimento contra a ocupação teve de encarar a traição de Saddam e seu grupo, que evitou a luta quando da invasão; sua prisão demonstrou que estava apenas tratando de se esconder, não buscava organizar a luta; mais ainda, sua saída de cena, ao contrário do que esperavam os ocupantes, permitiu que muitos ativistas e populares, xiitas ou não, que ainda tinham dúvida de se juntar à resistência, por medo de traze-lo de volta, enfim, apoiassem e até se unissem à guerrilha.

As direções curdas mais conhecidas colaboram com os EUA. As direções burguesas xiitas vão do colaboracionista Al Hakim a Ali Sistani que nunca condenou taxativamente a ocupação e aceita trabalhar com a ONU para organizar as eleições da “transição”. Mesmo Al Sadr, que exige terminar com a ocupação e agora trata de encabeçar o movimento insurreto e as mobilizações do povo xiita, faz parte da hierarquia religiosa e tem uma estratégia que passa pelo estado islâmico, uma saída burguesa que divide a luta.

O rompimento com as direções

O que é importante e novo nesse terreno é que a partir da necessidade de enfrentar a ocupação, começaram a surgir ativistas que rompem com suas antigas direções, fenômeno que atravessa todas as correntes, os baathistas, comunistas, até as milícias sunitas e xiitas e apontam a perspectiva de uma coordenação nacional iraquiana ou frente de libertação que unifique a luta independente de credo ou etnia. Isso começa a atrair muitos desses ativistas, como mostram declarações recolhidas pelas redes de TV árabe e comitês de solidariedade. É deste processo que podem surgir os ativistas que construam a direção revolucionária que dê uma perspectiva conseqüente à luta contra o imperialismo.
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