A consciência dos trabalhadores tem uma relação complexa com sua ação concreta. É inegável que as expectativas no governo travam a disposição de luta. Como se acredita que a crise será curta ou já acabou, e que o governo está do lado, existe pouca disposição para mobilizar.

No entanto, contraditoriamente, na medida em que os trabalhadores entendem que a crise é pequena ou já passou, se lançam com força nas lutas salariais. O atraso na consciência em relação à crise se reflete positivamente na disposição por melhores salários.

Além disso, apesar do peso do governo, a CUT vem se desprestigiando cada vez mais, em particular nos setores que mais lutam. A categoria dos petroleiros é um exemplo. A central foi derrotada nas eleições sindicais no Rio Grande do Norte pela CTB e no Litoral Paulista pela Frente Nacional Petroleira, com participação expressiva da Conlutas. Agora, o sindicato de São José dos Campos acaba de se desfiliar da CUT. Na eleição nacional da Petros, dois conhecidos integrantes da Conlutas ganharam as eleições com 52,5% dos votos, contra 26,2% da central.

Esses elementos (lutas e desprestígio da CUT) possibilitam o avanço da reorganização do movimento de massas, mesmo com o peso majoritário do governo. Essa é a explicação para o fortalecimento e consolidação da Conlutas como alternativa à CUT governista. Hoje, essa entidade é a única alternativa para quem quer se organizar para a luta. É também a explicação para o surgimento da Assembleia Nacional dos Estudantes Livres (ANEL), entidade nacional recém-fundada.

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