Nos dias 10 e 11 de março, acontecem as eleições para o Comitê Sindical de Empresa (CSE) da Volkswagen de São Bernardo do Campo (SP). O CSE é a diretoria de base do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista.

Nas últimas eleições, em 2005, a Chapa 2, de oposição, obteve 38,4% dos votos, elegendo nove diretores num total de 25 membros do CSE na Volks. A proporcionalidade se aplica quando mais de uma chapa atingem 33%.

Este ano, a Articulação Sindical (Artsindical), corrente do PT que dirige o sindicato majoritariamente, vai concorrer dividida em duas chapas, a 1 e a 3. Esse fato é histórico, pois a Articulação sempre esteve unificada nas eleições da entidade.

Quem é a oposição?
A Chapa 2, formada por membros da Conlutas, Intersindical e independentes, existe há dez anos na Volks e também tem oito membros na comissão de fábrica. Nesses anos, a oposição cumpriu um papel de grande importância na organização da resistência e disputa política contra a fábrica e a direção majoritária do sindicato. Também esteve e está à frente da luta contra a reestruturação produtiva, que impôs o banco de horas, criado na Volks de São Bernardo em 1996.

O banco levou à eliminação de mais de 12 mil postos de trabalho dos quadros da Volks. Em 1996, a empresa tinha 23 mil trabalhadores na planta Anchieta. Hoje, são 10 mil empregados – menos que a metade – e 6 mil trabalhadores terceirizados e precarizados em nome dos novos investimentos e da flexibilização de diretos trabalhistas.

Durante esse tempo, porém, os trabalhadores resistiram bravamente e a oposição esteve na linha de frente, fazendo com que, muitas vezes, a fábrica tivesse de adiar ou postergar os ataques.

No ano passado, a Volks começou uma ofensiva e demitiu dois diretores do sindicato eleitos pela chapa de oposição, Rogério Romancini, maquinista, e Biro-Biro. O ataque foi uma forma de intimidar a oposição e, junto com a direção majoritária do sindicato, tentar impor uma derrota à mesma.

No entanto, houve resistência. Uma grande campanha nacional e internacional contra a atitude da multinacional foi desencadeada. A oposição resistiu e, nas eleições para a Comissão de Fábrica (CF), em outubro de 2007, ganhou as eleições nos setores de armação e carroceria (alas 4 e 2) e na pintura (ala 13), setor do hoje ministro da Previdência e ex-funcionario da montadora Luiz marinho.

Também foi eleito um membro na estamparia, totalizando um terço da CF ou 40% da comissão na produção. Agora, nesta eleição, o apoio do movimento sindical e popular combativo e classista para a Chapa 2 é de grande importância, pois o racha da Artsindical abre a possibilidade da formação de uma nova maioria no CSE na Volkswagen do ABC. Essa sim, combativa e conseqüente na luta pelos interesses dos trabalhadores.