Dois conhecidos artistas cubanos, Pablo Milanés e Silvio Rodríguez, declararam em entrevistas recentes pedindo mudanças no regime e criticaram a postura do governo em relação à greve de fome do dissidente cubano Guillermo Fariñas. Confira:

Fonte: www.sipse.com

O trovador cubano Pablo Milanés afirmou neste sábado em uma entrevista com o jornal espanhol El Mundo que “deve se condenar a (Castro) do ponto de vista humano se Fariñas morrer” porque “as ideias se discutem e se combatem, não se encarceram”.
De acordo com o site elnuevoherald.com, o autor do conhecido tema “Yolanda” afirmou que os revolucionários cubanos ficaram no tempo, “e a história deve avançar com ideias e homens novos”.

Agregou que “se converteram em reacionários de suas próprias ideia. Por isso tenho dito que faz falta outra revolução, porque temos pequenas manchas. O sol enorme que nasceu em 1959 foi se enchendo de manchas na medida em que foi envelhecendo”.

Questionado sobre em que século as eleições ocorrerão em Cuba, o trovador respondeu que não era vidente nem tinha alma de profeta, “mas desejava que fosse o quanto antes. Mais do que eleições, que houvesse mudanças em Cuba, porque também não creio nas eleições. Esse é um jogo democrático entre aspas que também é uma farsa” .
Ao tocar no tema da liberdade de expressão, o cantor reconheceu que tinha a oportunidade de expressar suas idéias mais que os habitantes da ilha, porque “tenho o privilégio de ter mais informação que meu povo”.

Ao se referir sobre o exílio cubano em Miami, Milanés assegurou que “é uma liberdade que os cubanos buscam com toda honestidade. Às vezes, muitíssimos não a encontram, porque não há nada como estar na pátria reclamando, pedindo e exigindo”.
Ao final da entrevista, Milanés assegurou que ainda apostava por “uma Cuba com os Castros, mas com arranjos”

O artista encontra-se numa turnê pela Espanha como parte da apresentação de seu mais recente disco, “Regalos”.

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Silvio Rodríguez: “Cuba pede mudanças”

Fonte: www.lavozdegalicia.es

Cada vez são mais as vozes que pedem mudanças em Cuba, incluídos alguns seguidores da revolução. É o caso do cantor e compositor Silvio Rodríguez, que disse que seu país “pede a gritos uma revisão de uma porção de coisas”.

Ao apresentar seu novo disco “Segunda Cita”, que dedicou a meio século da revolução liderada por Fidel Castro, o músico disse que a ideia de “reinventar” o sistema socialista da ilha não é nova, mas “nem sempre se conseguiu”.

“Eu acho que este é um momento em que sim, a revolução, a vida nacional, o país pede a gritos uma revisão de uma porção de coisas (…), desde conceitos até instituições”, disse o músico de 63 anos em Havana.

“Há muitas coisas que deve se revisar em Cuba e que tenho escutado, sempre extra oficialmente e jamais, lamentavelmente, em nossa imprensa que essas coisas estão sendo analisadas, acrescentou.

Consultado sobre as críticas internacionais recebidas por Cuba depois da morte, em fevereiro, do preso político Orlando Zapata, durante uma greve de fome, Rodríguez respondeu que tinha um “consenso” contra a ilha.

“Conheço tudo isso que está acontecendo. Continuo tendo muitas mais razões para acreditar na revolução, do que para acreditar em seus opositores”, disse Rodríguez.

Os comentários de Rodríguez chegaram pouco depois de que Pablo Milanés, outro cantor da revolução, criticou duramente ao governo cubano por seu tratamento aos dissidentes. Ele advertiu sobre a “responsabilidade” das autoridades cubanas sobre a saúde de Guillermo Fariñas, outro dissidente em greve de fome.