Apesar das manobras, acordo rebaixado ainda não foi assinado e ainda há condições de derrotá-loOs trabalhadores dos Correios deram um grande exemplo de luta e fizeram uma forte greve que, infelizmente, foi enterrada pela direção do movimento, ou seja, pela corrente petista Articulação e a CTB (central ligada ao PCdoB).

A greve começou no dia 16 de setembro já com muita força, atingindo 27 estados e o Distrito Federal. Dos 35 sindicatos da Federação Nacional dos Trabalhadores (Fentect), 33 aprovaram greve. A mobilização foi tão forte que forçou a direção dos Correios a apresentar uma contraproposta já no dia seguinte ao início da paralisação.

De início, a empresa propôs apenas a reposição da inflação. Os trabalhadores exigiam, por sua vez, a reposição de 41% de perdas salariais e aumento linear de R$ 300 para todos os funcionários. Após a deflagração da greve, a ECT propôs 9% de reajuste e R$ 100 de reajuste, além de um pequeno aumento no ticket alimentação que, de R$ 20, passaria para R$ 21,50.

Acordo bianual
A proposta da empresa, porém, continha uma armadilha indecente. A direção dos Correios queria que o acordo tivesse o prazo de dois anos. Isso para que, em 2010, ano eleitoral, o governo não tivesse que enfrentar uma nova greve. Lula chegou a atacar os trabalhadores durante discurso no dia 18, quando afirmou que “o bom dirigente sindical é aquele que tem coragem de começar a greve e tem coragem de acabá-la”.

A direção da Fentect, por sua vez, comprometida com o governo, passou a fazer de tudo para desmontar a greve. A CTB, que dirige os três maiores sindicatos da categoria, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, atendeu ao chamado de Lula e passou a enterrar a mobilização. No dia 21, essa central tentou acabar com a greve em São Paulo, mas foi rechaçada pelos trabalhadores. No dia 24, no entanto, através de inúmeras manobras, conseguiu acabar com a paralisação na região que concentra o maior número de funcionários da empresa no país.

A partir daí, apesar da disposição dos trabalhadores, a direção foi desmontando a greve nos estados. “A CTB foi decisiva para impor o acordo bianual e acabar com uma greve que começou muito forte”, avalia Geraldo Rodrigues, o Geraldinho, diretor da Fentect e membro da Oposição Nacional dos Correios.

A proposta de acordo defendida pela direção representa uma dura derrota à categoria. Além disso, nem mesmo o pagamento dos dias parados está garantido. Os dirigentes da CTB alardearam nas assembleias que, se os trabalhadores votassem em sua proposta, os os dias parados não seriam descontados. Mas já veio o desconto de três dias nos holerites do mês de setembro. Ou seja, o desconto já está sendo realizado.

Acordo ainda não foi assinado
Apesar de terem conseguido acabar com a greve, a direção da Fentect não obteve ainda o quorum para a aprovação do acordo com a ECT. “Dos 35 sindicatos, só 16 aceitaram assinar, sendo que o quorum mínimo exige pelo menos 18”, lembra Geraldinho. “Isso significa que nem tudo está perdido e que ainda temos condições de derrotar esse acordo”, afirma o dirigente.

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