Pela primeira vez, corrente que dirige o sindicato em São Bernardo do Campo sai divididaNos dias 10 e 11 de março, acontecem as eleições para o Comitê Sindical de Empresa (CSE) da Volkswagen de São Bernardo do Campo (SP). O CSE é a diretoria de base do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Este ano a Articulação Sindical, corrente do PT que é maioria no sindicato, vai concorrer dividida em duas chapas, a 1 e a 3. Esse fato é histórico, pois a Articulação sempre esteve unida nas eleições da entidade.

Oposição terá chapa
A Chapa 2 é formada por membros da Conlutas, da Intersindical e independentes. A oposição existe há dez anos na Volks. Nesses anos, cumpriu um papel de grande importância na resistência e na disputa política contra a fábrica e a direção do sindicato.

A divisão da atual direção do sindicato abre espaço para a Chapa 2. As duas últimas eleições na fábrica mostraram o crescimento da oposição.
Em 2005, a chapa obteve 38,4% dos votos para o Comitê Sindical de Empresa. A eleição é proporcional, sendo que apenas as chapas que atinjam o mínimo de 33% dos votos podem indicar membros para a diretoria. Assim, a oposição elegeu nove diretores entre os 25 membros do Comitê Sindical.

Em outubro de 2007, nas eleições para a Comissão de Fábrica, a oposição venceu nos setores de armação e carroceria (alas 4 e 2) e no de pintura (ala 13), onde trabalhou Luiz Marinho, hoje ministro da Previdência. Também elegeu um membro na estamparia, totalizando um terço da Comissão de Fábrica.

Contra a perda de direitos
Uma das lutas travadas pela oposição é contra a reestruturação produtiva, que impôs o banco de horas na Volks de São Bernardo em 1996. O banco levou à extinção de mais de 12 mil postos de trabalho. Em 1996, a empresa tinha 23 mil trabalhadores na planta Anchieta. Hoje são 10 mil empregados – menos que a metade – e 6 mil terceirizados e precarizados.

Durante esse tempo, porém, os trabalhadores resistiram bravamente e a oposição esteve na linha de frente, fazendo com que muitas vezes a fábrica tivesse de adiar os ataques.

A Volks começou uma ofensiva e, há um ano, demitiu dois diretores do sindicato eleitos pela chapa de oposição, Rogério Romancini e Biro-Biro. O ataque foi uma forma de intimidar a oposição e, com a direção majoritária do sindicato, tentar impor uma derrota à mesma. No entanto, houve resistência, com uma grande campanha internacional contra a atitude da Volks.

Agora, nesta eleição, o apoio do movimento sindical e popular combativo e classista à Chapa 2 é de grande importância, pois a divisão da Artsindical abre a possibilidade da formação de uma nova maioria no CSE na Volkswagen do ABC. Esta sim, combativa e conseqüente na luta pelos interesses dos trabalhadores.

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