Em todo o país, milhares de ativistas do movimento sindical, popular e estudantil se preparam. Na semana que vem, dia 3 de julho, começa o congresso da Conlutas. Trata-se de um evento único neste momento do país.

Único pelo seu tamanho. Serão aproximadamente 4 mil delegados, ativistas que estiveram e estão à frente das principais lutas em curso. Estarão lá metalúrgicos da GM, operários das greves da construção civil de Fortaleza e da Revap, professores de São Paulo, funcionários públicos de várias regiões, motoristas de Macapá, entre outras categorias em luta. Estarão representantes das oposições que disputaram eleições sindicais, como professores, petroleiros, bancários e metalúrgicos. Delegados de movimentos populares como MTST, a ocupação Pinheirinho e a luta contra a transposição do São Francisco. Representantes da luta contra a opressão das mulheres e negros que realizaram seus encontros, assim como homossexuais. Experiências serão trocadas, velhos companheiros de lutas se reencontrarão. Novas amizades nascerão.

Trata-se sem dúvida da mais representativa expressão da reorganização do movimento sindical, popular e estudantil, em oposição de esquerda ao governo Lula, à CUT e à UNE.

O congresso será único também pela democracia com que está sendo construído. Os delegados foram eleitos em assembléias de base em todo o país. Vinte teses foram apresentadas, e as discussões foram encaminhadas para a discussão com toda a base. No congresso, todas as teses terão o mesmo tempo de exposição, apoiadas por setores majoritários ou minoritários. O debate aberto e a polêmica entre distintas posições, com democracia operária, seguramente fortalecerão as resoluções.

Essa é uma enorme diferença com os congressos de cartas marcadas da CUT e da UNE, controlados burocraticamente e já deformados no seu nascimento pelo peso do aparato do Estado.

Aí tocamos numa outra diferença central. Os delegados viajarão em ônibus pagos pelos sindicatos, entidades ou diretamente pelos delegados, exatamente como estão sendo pagas todas as despesas do congresso. Isso não tem nada a ver com o dinheiro saído dos cofres do Estado, que financia os congressos governistas.

A CUT e a UNE fazem ataques à Conlutas, com o objetivo de enfraquecer uma alternativa de direção para o movimento de massas que está nascendo. Não podem, porém, impedir um movimento que nasce das lutas, que surge das greves e das mobilizações.

Infelizmente, um setor que estaria presente no congresso, o MES-MTL (correntes do PSOL), apoiado pelo MAS (de Santa Catarina), rompeu com a Conlutas às vésperas do congresso, também de forma burocrática. Não quis ouvir a opinião dos milhares de ativistas que estarão no congresso, porque acham que suas posições seriam minoritárias. E é provável que fossem mesmo, porque eles defendem a dependência dos movimentos sociais das posições dos governos da Venezuela, da Bolívia e do Equador.

Os ativistas que fizeram sua experiência com o PT não devem estar dispostos a se submeter a outra dependência. O que é inadmissível é estes grupos se recusem a participar do congresso e a fortalecer uma alternativa unitária à CUT.

Começamos a viver momentos diferentes no país, com a volta de greves operárias, a retomada da inflação e sinais de uma nova crise econômica. O congresso discutirá não só temas estratégicos, como também um plano de lutas para o segundo semestre.

As resoluções do congresso podem potencializar a construção de uma direção alternativa para o movimento de massas no país.
É hora de arregaçar as mangas e de preparar a viagem para Betim.
Post author Editorial do Opinião Socialista 343
Publication Date