Redação

Os dias 6, 7 e 8 de março abalaram a Argentina. Foram dias marcados por lutas, paralisações e marchas contra o governo de Mauricio Macri e seu plano de ajuste econômico. No dia 6, após lotar a Praça dos Dois Congressos, na capital Buenos Aires, milhares de professores iniciaram uma marcha até o Ministério da Educação para exigir uma proposta de reajuste salarial, como estabelece a lei.

“Queremos greve geral já”
No dia 7 de março, foi a vez da paralisação nacional convocada pela Confederação Nacional do Trabalho da Argentina e pela Central Geral do Trabalhadores (CGT). Buenos Aires foi tomada por uma marcha com dezenas de milhares de pessoas nas ruas. Todo o protesto foi tomado pela exigência de se marcar uma greve geral para o mais breve possível. Pressionados, no ato final, os líderes da CGT anunciaram uma greve nacional para, no máximo, até abril, mas não deixaram marcado o dia.

Héctor Daer, um dos dirigentes da CGT, disse que “a diretoria já tomou a decisão por uma greve de 24 horas”, mas logo esclareceu que vai depender de o governo aceitar “modificar sua política econômica”. Ou seja, mais uma vez, a central estava nitidamente vacilando em chamar a greve geral. Mas, dessa vez, os trabalhadores presentes no ato reagiram. Colunas de manifestantes jogaram pedras e cadeiras sobre os pelegos e, ao grito de “traidores, traidores” e “greve geral, greve geral”, os manifestantes impediram a saída dos dirigentes da CGT, que ficaram presos durante mais de meia hora e se retiraram debaixo de uma chuva de garrafas.

8 de março
Já no Dia Internacional das Mulheres, um rio de gente tomou as ruas de Buenos Aires. Mais uma vez, o protesto expressou o enorme descontentamento contra o governo Macri. A marcha foi parte da greve internacional das mulheres convocada por ativistas estadunidenses que, por sua vez, se inspiraram no movimento feminista argentino “Nem uma a Menos”.

Organizar pela base
O governo Macri tem medo que a luta de professores, mulheres e do conjunto da classe operária seja tomada como exemplo e se alastre pelo país. “Precisamos de uma greve geral já! É o início de um verdadeiro plano de luta de toda a classe trabalhadora para derrotar Macri e os patrões. Para impor isso, é preciso impulsionar assembleias em todos os locais de trabalho e definir uma data de uma vez por todas. Está claro que não se pode confiar nesses dirigentes [sindicais]”, diz, em nota, o PSTU da Argentina.

O partido defende a criação de comitês de lutas por empresas, escolas e bairros, eleitos pelas bases, para iniciar um processo de convocação de plenárias e congressos para construir uma saída operária e popular para a crise. “É preciso tomar a luta em nossas mãos para que se possa trinfar”, conclui.